“Não convêm aos franceses que seja o rio Oiapoque a raia para os dois domínios”: políticas e disputas na região fronteiriça das Guianas Francesa e Portuguesa nas décadas finais do século XVIII

Autores

  • Paulo Marcelo Cambraia da Costa Universidade Federal do Amapá

DOI:

https://doi.org/10.38047/rct.v14.FC.2022.al4.p.1.25

Palavras-chave:

Fronteiras, Guiana Portuguesa, Guiana Francesa, século XVIII

Resumo

Este artigo tem por objetivo apresentar o cenário das políticas de defesa do território ultramarino português nas fronteiras do Grão-Pará com a Guiana Francesa. Destaco a compreensão das várias formas de ocupação dos territórios da fronteira entre o Grão-Pará e a Guiana Francesa, especialmente a área entre os rios Oiapoque e Araguari. Estes territórios estavam para além das políticas pensadas pelo Estado lusitano para conquistar, colonizar e defender. Os processos de ocupação daqueles territórios envolviam militares desertores, indígenas, religiosos e trabalhadores escravizados fugidos – todos agentes que estabeleciam dinâmicas e redes de sociabilidades independentes dos acordos diplomáticos e das estratégias políticas de França e Portugal.

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Publicado

2022-11-12

Como Citar

Costa, P. M. C. da. (2022). “Não convêm aos franceses que seja o rio Oiapoque a raia para os dois domínios”: políticas e disputas na região fronteiriça das Guianas Francesa e Portuguesa nas décadas finais do século XVIII . Canoa Do Tempo, 14, 1–25. https://doi.org/10.38047/rct.v14.FC.2022.al4.p.1.25

Edição

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Artigos Livres