Educar pra valer ou adestrar pra valer? Discussões sobre o trabalho docente
DOI:
https://doi.org/10.29280/rappge.v9i1.13086Palavras-chave:
Programa Educar Pra Valer, Educação, Alienação, Adestramento, Trabalho DocenteResumo
O artigo traz reflexões sobre o Programa Educar pra Valer em interface com o trabalho docente desenvolvido numa escola pública campesina de Vitória da Conquista, no Estado da Bahia. Destaca-se a estreita relação da Base Nacional Comum Curricular, a BNCC, com o referido programa, bem como a presença e a influência de organismos internacionais e de instituições da iniciativa privada em sua estrutura organizacional. Com vistas ao desvelamento da realidade e envolta nas múltiplas determinações que envolvem o objeto de estudo, a pesquisa está fundamentada no método dialético, tendo a entrevista semiestruturada como recurso metodológico para a investigação de campo. Dessa forma, buscaram-se respostas aos seguintes questionamentos: a) a quem interessa a implantação do Programa Educar para Valer em escolas públicas? b) por que parece haver um certo deslumbramento das escolas participantes com a ideologia do Programa Educar para Valer, em vez da percepção de inconsistências que o permeiam? c) o Programa Educar para Valer, que surge alinhado à BNCC, visa emancipar ou alienar, educar ou adestrar as escolas participantes e os sujeitos? Considerando a elaboração de uma nova crítica da economia política, tem-se na teoria marxista a importância desse exercício crítico-reflexivo no que diz respeito à alienação em relação ao trabalho docente enquanto modo de produção. Os resultados da pesquisa revelaram que, embora o Programa Educar pra Valer, quanto à sua proposta e aplicabilidade, desconsidere os princípios de uma Escola Democrática por atuar na perspectiva da valorização de indicadores quantitativos e não das subjetividades de escolas e sujeitos, parece, ainda assim, haver um certo deslumbramento das escolas participantes quanto à sua ideologia.
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