Experiências e narrativas: mobilizações Kalankó no do Alto Sertão Alagoano

Autores

  • Vinícius Alves de Mendonça Secretaria de Estado da Educação de Alagoas (SEDUC/AL) / Universidade Federal de Alagoas (UFAL)
  • Pedro Abelardo de Santana Universidade Federal de Alagoas (UFAL)

DOI:

https://doi.org/10.38047/rct.v16.FC.2024.di6.p.1.25

Palavras-chave:

História Indígena, Reivindicações, Nordeste

Resumo

Os indígenas Kalankó são um dos grupos étnicos do Alto Sertão Alagoano, estando localizados na zona rural do município de Água Branca, a aproximadamente 300 km da capital Maceió. Sua formação histórica está relacionada a diversas migrações realizadas por indígenas vindos do sertão de Pernambuco e a conturbadas experiências vivenciadas ao longo da segunda metade do século XX. Neste texto, analisamos esse processo histórico da busca pelo reconhecimento e as formas de representação, sobretudo as imagens e as narrativas, convertidas em táticas de resistência pelo grupo, considerado protagonista na relação com os órgãos estatais e a sociedade que os envolve. Os pressupostos metodológicos de Ginzburg e Alberti contribuíram para a análise dos documentos escritos, das narrativas orais e das fotografias. Além disso, apropriamo-nos dos conceitos de narrativa e experiência conforme Benjamin, representação a partir de Chartier e imagem segundo Samain. As discussões propostas e as análises realizadas se encontram nos campos da Antropologia Cultural e da História Cultural, a qual se preocupa não com as grandes narrativas ou erudições, mas com os cotidianos dos indivíduos e as construções históricas das culturas, um importante exercício de redução da escala de análise e de interdisciplinaridade.

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Biografia do Autor

Vinícius Alves de Mendonça, Secretaria de Estado da Educação de Alagoas (SEDUC/AL) / Universidade Federal de Alagoas (UFAL)

Mestre em História pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), vinculado a linha de pesquisa Culturas políticas, Representações Discursos e Narrativas. Especialista em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas pela Universidade Federal do Piauí (UFPI) e em Ensino de História pela Faculdade Venda Nova do Imigrante (FAVENI). Graduado em História pela Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL). Atualmente, Professor Efetivo da Secretaria de Estado da Educação de Alagoas (SEDUC/AL), Editor Executivo Titular da Editora GPHIAL e pesquisador associado ao Grupo de Pesquisas em História Indígena de Alagoas (GPHIAL/CNPq/UNEAL) e ao Grupo de Pesquisas em História Indígena no Brasil Republicano (GPHI-BR/UFAL). Desde 2017, realiza estudos acerca dos povos indígenas do Alto Sertão de Alagoas (séculos XX e XXI), sobretudo em relação a processos de formação histórica, práticas culturais, mobilizações e reconhecimentos. Interessa-se, ainda, por estudos antropológicos educacionais, com ênfase nas relações entre políticas públicas e culturas no cotidiano escolar.

Pedro Abelardo de Santana, Universidade Federal de Alagoas (UFAL)

Doutor em História Social pela UFBA, 2015 (estágio na Universidade de Salamanca); Pós Doutorado PNPD/CAPES/UFS, 2015-2017; Mestre em Geografia (2004) e graduado em História pela UFS (2001); Professor adjunto do curso de História da UFAL; prof. colaborador do Mestrado em História da UFAL e da UFS. Foi professor adjunto da Universidade Tiradentes/SE; professor do ensino fundamental nas prefeituras de Aracaju, Lagarto e São Cristóvão/SE; diretor do Arquivo Público da Cidade de Aracaju; diretor da Associação Nacional de História-ANPUH (Sergipe). Tem pesquisas nas áreas de História do Brasil e Arqueologia Histórica, atuando nos seguintes temas: história social, indígenas, sertão.

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Fonte oral

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Publicado

2024-11-23

Como Citar

Alves de Mendonça, V., & Abelardo de Santana, P. . (2024). Experiências e narrativas: mobilizações Kalankó no do Alto Sertão Alagoano. Canoa Do Tempo, 16, 1–25. https://doi.org/10.38047/rct.v16.FC.2024.di6.p.1.25

Edição

Seção

Dossiê - Pensar o presente e futuro da História Indígena