O POVO APURINÃ CONTRA O PODER COERCITIVO
DOI:
https://doi.org/10.38047/rct.v12.n01.2020.al6.p.367.394Palavras-chave:
Apurinã, poder coercitivo, poder político, ; xamanismo, AmazôniaResumo
Este artigo discute o controle social do povo Apurinã em relação ao poder coercitivo. O objetivo é analisar como a sociedade apurinã estava e ainda está estruturada para delimitar o poder das lideranças políticas e religiosas evitando, assim, o aparecimento do poder coercitivo e da sociedade dividida em classes sociais. Para alcançar esse objetivo, a análise apoia-se principalmente nos trabalhos de Pierre Clastres, Hélène Clastres e Marcel Gauchet. Pierre Clastres chega à conclusão de que todo poder nas sociedades indígenas emana da comunidade. As lideranças seriam desprovidas de poder coercitivo e, dessa forma, as sociedades indígenas seriam “sociedades contra o Estado”, a forma mais acabada de poder coercitivo que institui o aparecimento das classes e do trabalho alienado. A partir de dados históricos e etnográficos, este artigo dialoga com a tese de Clastres buscando apresentar o ponto de vista dos Apurinã visibilizado em sua história e em suas narrativas míticas. Mas, diferente de Clastres, para quem o poder coercitivo parece provir mais substancialmente do grupo dos guerreiros, para os Apurinã, ele parece provir perigosamente da religião. As principais fontes históricas e etnográficas aqui utilizadas são de duas ordens: extratos de cartas e relatórios produzidos por missionários da South American Missionary Society entre as décadas de 1870 e 1880; e observações de campos decorrentes de minha convivência com os Apurinã do Médio Purus.
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