Difusões de vegetais em Moçambique: dinâmicas locais, regionais e transcontinentais, com ênfase em plantas amazônicas, no contexto do Brasil Colônia
LOCAL, REGIONAL AND TRANSCONTINENTAL DYNAMICS, WITH EMPHANSIS ON AMAZONIAN PLANTAS, IN THE CONTEXT OF COLONIAL BRAZIL
DOI:
https://doi.org/10.38047/rct.v14.FC.2022.al2.p.1.30Palavras-chave:
Plantas nativas e exóticas, Inhambane, Brasil colôniaResumo
A falta de fontes escritas sobre domesticação de vegetais dificulta a distinção entre os nativos e exóticos em Moçambique. Esta problemática inclui a escassez de informação acerca das semelhanças e diferenças dos sistemas de cultivo e de processamento, referentes ao local de origem e de dispersão. Para amenizar tal déficit, foi realizado este estudo com objetivo de conhecer os vegetais que chegaram em Moçambique por meio do porto de Inhambane, vindos do Brasil colônia. A metodologia adotada baseou-se na consulta bibliográfica e entrevistas dirigidas aos agricultores familiares dos distritos de Inhambane. Os resultados da pesquisa apontam para existência de vegetais nativos cujo maneio iniciou com povos autóctones, a partir de movimentação de frutos, sementes, raízes, caules e tubérculos de uma região para outra. De seguida os Árabe-Suaíle introduziram o cultivo de especiarias. No século XV os portugueses decretaram obrigatoriedade de cultivo de vegetais trazidos do Brasil colônia, como o milho, o amendoim, a mandioca, a pimenta, a batata-doce, o caju e outras. As políticas coloniais propagaram o plantio de plantas exóticas, perpetuando a rejeição das nativas.
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