Caminhos coletivos
Resumo
A Edição 2018/02 da Revista Amazônida resulta da articulação de caminhos coletivos pensados no fórum de editores da Região Norte e Nordeste para o fortalecimento dos nossos periódicos. O processo ocorre paralelamente à consolidação da pós-graduação na Região, em uma articulação de docentes do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFAM, de pesquisadores de todo o país e, em especial, de países como Venezuela e Portugal.
Os caminhos coletivos construídos estruturam-se em três grupos básicos. No primeiro, são reafirmados compromissos e direções da educação como um ato de liberdade. O segundo agrupa perspectivas e práticas educativas desenvolvidas na Amazônia frente aos seus problemas e peculiaridades. O último bloco apresenta formas e estratégias de enfrentamentos de realidades complexas e cotidianas no cenário educativo nacional e internacional.
Os resultados agrupados inicialmente se articulam em cinco artigos que discutem desde a perspectiva emancipadora da educação até a retomada da articulação da teoria e da prática no cenário de formação docente. Assim, o primeiro trabalho resulta de uma palestra realizada no interior do Estado do Amazonas, cujo mote foi a emancipação humana em um processo educativo no qual todos os indivíduos possam ser efetivamente livres e, com isso, realizar de forma ampla as suas potencialidades. O segundo texto reafirma a educação como promotora de uma cultura de paz: diminuindo as mais variadas formas de discriminação e práticas violentas, na busca de relações cidadãs, enaltecendo uma prática pedagógica que combata a discriminação relacionada a gênero e à sexualidade. O terceiro artigo é parte do compromisso da divulgação científica em expandir o conhecimento científico e tecnológico junto à comunidade de não cientistas. A experiência relatada integrou o desenvolvimento de projetos centrados na Divulgação Científica a partir da realização de mostras e ações de divulgação científica, fixas e itinerantes, em Uberaba/MG. O quarto artigo analisa concepções de formação do pedagogo no mundo contemporâneo, os dilemas de ser professor e de desenvolver o trabalho pedagógico, sob um currículo centrado na pedagogia das competências e na pedagogia dos resultados, habilitando o agir docente a partir do modelo de educação decorrente de influências do Banco Mundial, que estabelece critérios de avaliação da escola centrada na política da “premiação”. O quinto artigo discute mudanças curriculares em programas de formação de professores a partir de uma abordagem comparativa. No trabalho apresentam-se os currículos de três universidades de três países diferentes (EUA, Portugal e Brasil) nas últimas duas décadas.
O segundo bloco de textos discute o cenário educativo amazônico com três artigos. Assim, na sexta contribuição são apresentados os resultados de um conjunto de pesquisas que vêm sendo realizadas por docentes do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGED), da Universidade do Estado do Pará (UEPA), desde 2003 e pelos discentes a partir de 2007. A produção destaca as cartografias dos saberes construídas a partir de cenários geográficos e culturais das comunidades do campo, dando sentido e significado às práticas sociais cotidianas realizadas pelas populações amazônidas. O sétimo artigo evoca a discussão das representações sociais de jovens alunos sobre exploração sexual nas balsas que transitam no arquipélago do Marajó, no Estado do Pará, e o processo de escolarização vivido nesse contexto como um problema rotineiro que perpassa a educação da região amazônica. O oitavo e último artigo do segundo bloco tem como foco o estudo a gestão e como questão norteadora as ações que podem ser adotadas para melhorar o trabalho do Assessor Pedagógico junto aos Professores Ministrantes e Presenciais do Ensino Médio Presencial com Mediação Tecnológica, estratégia usada para a efetivação do Ensino Médio nos mais distantes municípios e comunidades rurais do Estado do Amazonas.
O último bloco reúne quatro artigos que remetem aos caminhos coletivos e possíveis de serem percorridos em realidades como a vivenciada por pesquisadores venezuelanos. Desse modo, o nono artigo analisa as relações existentes entre igualdade/desigualdade como possibilidade política e afirmativa de se perceber as diferenças não como modos assimétricos de separação, mas como meios de promover democracia na educação escolar. O décimo estudo apresenta a educação como um ato de importância vital na sociedade, que, imersa em momentos históricos, sociais e contextuais, adequa-se às exigências e às necessidades vivenciadas. O décimo primeiro artigo corresponde a uma estratégia pedagógica que permitiu incorporar as Tecnologias da Informação e Comunicação na dinâmica da sala de aula como processo humanizador e desenvolver competências tecnológicas com estudantes de uma universidade na Venezuela. Por fim, nosso último artigo também é fruto de um convite de partilha de experiências e caminhos possíveis no cotidiano da educação. O trabalho apresenta o uso de portefólios na educação como uma estratégia que tem vindo paulatinamente a ganhar visibilidade nas práticas pedagógicas desde a Educação de Infância até ao Ensino Superior, sobretudo no âmbito da supervisão da formação inicial de professores.
Os doze artigos que compõem este volume compõem um esforço de qualificar constantemente o periódico, que, a partir de 2019, passará a ter o mínimo de vinte artigos anuais. A ampliação de artigos é parte do cenário discutido no número em tela, pois a Revista apresenta-se como um espaço de partilha e de aprendizagem de todas as fases da pesquisa científica. Assim, nossos leitores podem encontrar em nosso periódico um mecanismo para fundamentar suas pesquisas, buscar e ampliar seus problemas de estudos e fundamentalmente exercitar a escrita e publicação dos resultados de seus estudos. Por fim, importa fundamentalmente agradecer a todos os colegas das distintas regiões e da própria Universidade, os quais dedicaram parte de seu tempo à leitura, à elaboração de pareceres, de revisões e de editorações típicas aos processos editoriais de periódicos.