OS MURA EM MOVIMENTO: MOBILIDADE E RESISTÊNCIA NAS ÁGUAS DO MADEIRA

THE MURA IN MOTION: MOBILITY AND RESISTANCE IN THE WATERS OF MADEIRA

Autores

  • Vanice Siqueira de Melo UFPA/UPO
  • Alik Nascimento de Araújo UFPA
  • Letícia Pereira Barriga UFPA

DOI:

https://doi.org/10.38047/rct.v13.FC.2021.d4.p.1.29

Palavras-chave:

Mura;, Rio Madeira;, Territorialidade;, Mobilidade;, Resistência;, Amazônia.

Resumo

O artigo trata das dinâmicas territoriais Mura no rio Madeira. Como um grupo social, esses índios estabeleceram relações com o espaço que habitavam desde o século XVIII. Tais relações contribuem para a identidade desses indígenas e são caracterizadas pelo avanço das políticas expansionistas implementadas pelo governo português, até o início do século XIX, e pelo estado brasileiro após o processo de independência e a construção do Estado Nacional. Observa-se uma mudança na relação que os Mura estabeleciam com o espaço: a mobilidade e o território Mura, característicos do século XVIII, foram rearticulados no século XIX, após a Cabanagem. A partir de um diálogo multidisciplinar e fundamentado em análises de acervo documental voltado às políticas de colonização portuguesa e estudos sobre as dinâmicas Mura ao longo do processo de expansão econômica em seu território, esse artigo analisa a resistência e territorialidade Mura, principalmente nos séculos XVIII e XIX no Madeira, assim como, sua resistência, rearticulada em mobilizações políticas pela garantia da identidade Mura na contemporaneidade.

Palavras-chave: Mura; Rio Madeira; Territorialidade; Mobilidade; Resistência; Amazônia.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Vanice Siqueira de Melo, UFPA/UPO

É doutoranda em co-tutela UFPA/UPO. Tem experiência na área de História da Amazônia colonial e História Indígena. E-mail: vanicesmelo@gmail.com  

Alik Nascimento de Araújo, UFPA

Doutoranda em Antropologia no curso de Ciências Sociais, pela Universidade Federal do Pará, mestra em História Social da Amazônia pela mesma instituição. Suas pesquisas são voltadas a área de História da Amazônia colonial (Século XVIII), relações etnorraciais, populações indígenas e quilombos contemporâneos. E-mail: professoraalik@gmail.com

Letícia Pereira Barriga, UFPA

É Licenciada e Bacharel em História pela Universidade Federal do Pará - UFPA (2008); especialista em História e Cultura Afro-Brasileira e Africana pela Faculdade Integrada Brasil Amazônia - FIBRA e especialista em Conservação Preventiva de Acervo Documental; mestra em História Social da Amazônia pela UFPA, e doutoranda pelo mesmo programa. E-mail: leticia.barriga@ifap.edu.br

Referências

Referências Bibliográficas

ALMEIDA, André Ferrand de. A viagem de José Gonçalves da Fonseca e a cartografia do rio Madeira (1749-1752). Anais do Museu Paulista. São Paulo, 2009, v. 17, n. 2, p. 215-235.

ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Índios e Mestiços no Rio de Janeiro: significados plurais e cambiantes (Séculos XVIII-XIX). Memoria Americana, 2008, n. 16-1, p. 19-40

AMOROSO, Marta Rosa. Corsários no caminho fluvial – os Mura do rio Madeira. In: CUNHA, Manuela Carneiro da. História dos índios do Brasil. São Paulo: Cia das Letras: FAPESP, 1992.

AMOROSO, Marta. Guerra Mura no século XVIII- Versos e versões: representações dos Mura no imaginário colonial. Dissertação (Mestrado em antropologia). IFCH/ DEANS UNICAMP, São Paulo, 1990

ARAÚJO, Alik Nascimento de. De bárbaros a vassalos: os índios Mura e as representações coloniais no oeste amazônico (1714-1786). Dissertação (Mestrado). PPHIST - UFPA. Belém, 2014.

CALDAS, Yurgel Pantoja. Construção épica da Amazônia no poema Muhuraida, de Henrique João Wilkens. Tese (Doutorado em Literatura Comparada). Faculdade de Artes e Letras, Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2007.

CABRAL, Maria do Socorro Coelho. Caminhos do Gado: conquista e ocupação do Sul do Maranhão. São Luís, SIOGE, 1992.

CARVALHO, João Renôr Ferreira de. Resistência indígena no Piauí colonial. 1718- 1774. Teresina: EDUFPI, 2008.

CEDEAM. Autos da devassa contra os índios Mura do rio Madeira e nações do rio Tocantins (1738-1739). Manaus: Universidade do Amazonas; Brasília: INL, 1986.

CHAMBOULEYRON, Rafael. As 'fazendas de cacau' na Amazônia colonial (séculos XVII e XVIII). In: Tanya Maria Pires Brandão; Cristiano Luís Christillino. (Org.). Nas bordas da plantation: agricultura e pecuária no Brasil colônia e império. 1ed. Recife: Editora UFPE, 2014, v. 1, pp. 21-22.

DOMINGUES, Ângela. “Os conceitos de guerra justa e resgate e os ameríndios do norte do Brasil”. In: SILVA, Maria Beatriz Nizza da (org.). Brasil: colonização e escravidão. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000, p. 47.

FARAGE, Nadia. As muralhas dos sertões: os povos indígenas no Rio Branco colonização. Rio de Janeiro: Paz e Terra/ANPOCS, 1991, p.19.

GIUDICELLI, Christophe. “Encasillar la Frontera. Clasificaciones coloniales y Disciplinamiento del espacio en el área Diaguito-Calchaqui, siglos XVI-XVII”. Anuario IEHS. 2007, v. 22, pp. 161-211.

HARRIS, Mark. Sistemas regionais, relações interétnicas e movimentos territoriais: os Tapajó e além na história ameríndia. Revista de Antropologia. São Paulo, 2015, v. 58, nº 1, pp. 33-68.

LAPA, José Roberto Amaral. Do comércio em área de mineração. Economia Colonial. São Paulo: Editora Perspectiva, 1973.

LEAL, Davi Avelino. Direitos e processos diferenciados de territorialização: os conflitos pelo uso dos recursos naturais no rio Madeira (1861-1932). - Manaus: UFAM, 2013

LEITE, Serafim. História da Companhia de Jesus no Brasil. Tomo III. Instituto Nacional do Livro / Livraria Portugália: Rio de Janeiro / Lisboa, 1943, p. 393.

LOPES, Siméia de Nazaré. O comércio interno no Pará oitocentista: atos, sujeitos sociais e controle entre 1840-1855. Dissertação (Mestrado). 153f. Curso de Mestrado em Planejamento do Desenvolvimento (PLADES) – Núcleo de Altos Estudos da Amazônia (NAEA), Universidade Federal do Pará, 2002.

MELO, Patrícia Raiol Castro de. Mão de obra indígena em Corpos de Trabalhadores. ANPUH – XXV SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA – Fortaleza, 2009.

MELO, Vanice Siqueira de. Cruentas guerras: índios e portugueses nos sertões do Maranhão e Piauí (primeira metade do século XVIII). Curitiba: Prismas, 2017.

MENÉNDEZ, Miguel. Uma contribuição para a etno-história da área Tapajós-Madeira. Revista do Museu Paulista (Nova Série). São Paulo, v. 28, 1981-1982, p.312.

MIGNOLO, Walter D. Desobediência epistêmica: a opção descolonial e o significado de identidade em política. Cadernos de Letras da UFF – Dossiê: Literatura, língua e identidade, nº 34, p.287-324, 2008, p. 12. http://www.cadernosdeletras.uff.br/joomla/images/stories/edicoes/34/traducao.pdf. Acesso: 31/07/2020.

MOREIRA NETO, Carlos de Araújo. Índios da Amazônia: de maioria a minoria (1750-1850) Petrópolis: Vozes, 1988.

MUNDURUKU, Daniel. O caráter educativo do Movimento indígena brasileiro (1970-1990). São Paulo: Paulinas. 2010, p. 209-210.

MURA, Conselho indígena. Trincheiras Yandé Peara Mura. Protocolo de consulta e consentimento do povo Mura e Autazes e Carreira da Várzea, Amazonas. Manaus: OLMV/ CIM/IIAM. 2019.

MURA, Márcia. “O atual governo atualiza um discurso racista do século 19”. Catarinas. 16/10/2019. Disponivel em: https://catarinas.info/o-atual-governo-atualiza-um-discurso-racista-do-seculo-19-diz-marcia-mura/ Acesso: 20/07/2020.

NIMUENDAJÚ, Curt. As Tribos do Alto Madeira. Journal de la Société des Americanistes, v. 17, Paris, 1925, p. 137-172 e ____. The Mura and Pirahã.

NOGUEIRA, Max Deulen Baraúna. Guerras Indígenas na Região das Tupinambaranas: Mura x Munduruku (1768-1795). Dissertação (Mestrado em História). IFCHS / UFAM, Manaus, 2020.

OLIVEIRA, João Pacheco. Uma Etnologia dos “índios misturados”? Situação colonial, Territorialização e fluxos culturais. Mana 4(1):47-77, 1998

PEQUENO, Eliane da Silva Souza. Mura, guardiães do caminho fluvial. Revista de Estudos e Pesquisas. FUNAI: Brasília, v.3, n.1/2 (Jul/dez. 2006) p.133-155.

PEREIRA, Márcia Leila De Castro. “Rios De História”: Guerra, Tempo E Espaço Entre Os Mura Do Baixo Madeira (AM). Tese (doutorado). Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social. Instituto de Ciências Sociais - Departamento de Antropologia. Universidade de Brasília. Brasília, 2009.

PEREIRA, Márcia Leila De Castro. “Rios De História”: Guerra, Tempo E Espaço Entre Os Mura Do Baixo Madeira (AM). Tese (doutorado). Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social. Instituto de Ciências Sociais - Departamento de Antropologia. Universidade de Brasília. Brasília, 2009, p. 157.

PEREIRA, Márcia Leila de Castro. Território e mobilidade Mura no baixo rio Madeira/AM. Habitus. Goiania. 2016, v. 14, n° 2, p. 272

PUNTONI, Pedro. A guerra dos bárbaros. Povos indígenas e a colonização do sertão nordeste do Brasil, 1650-1720. São Paulo: Hucitec/EdUSP, 2002, p. 17.

SAMPAIO, Patrícia Melo. Espelhos Partidos: etnia, legislação e desigualdade na Colônia. Manaus: Editora da Universidade Federal do Amazonas, 2012.

SANTOS, Ana Flávia Moreira. Conflitos, territórios e estratégias indígenas no Baixo Madeira, 1917-1931. Anais do XVI Encontro Regional de História da ANPUH-Rio: Saberes e práticas científicas. Rio de Janeiro, 2014.

SILVA, Cliverson Gilvan Pessoa da & COSTA, Angislaeine Freitas. Um quadro histórico das populações indígenas no alto rio Madeira durante o século XVIII. Amazônica. Revista de Antropologia. Belém, 2014, v. 6, n° 1, p. 116.

STEWARD, Julien Haynes (org.). Handbook Of South American Indians. T. 3. Washington. 1948, p. 255-264.

SWEET, David. Native resistance in eighteenth-century Amazonia: the “abominable Muras” in War and Peace. Radical History Review. 1992, v. 53, nº 1, pp.49-80.

Downloads

Publicado

2021-04-24

Como Citar

de Melo, V. S., Araújo, A. N. de ., & Barriga, L. P. . (2021). OS MURA EM MOVIMENTO: MOBILIDADE E RESISTÊNCIA NAS ÁGUAS DO MADEIRA: THE MURA IN MOTION: MOBILITY AND RESISTANCE IN THE WATERS OF MADEIRA. Canoa Do Tempo, 13, 1–29. https://doi.org/10.38047/rct.v13.FC.2021.d4.p.1.29

Edição

Seção

Dossiê-Fronteiras étnicas e conflitos sociais no Rio Madeira