Festas, magnificação e chefia entre os Karajá do Rio Araguaia
Resumo
Neste artigo pretendo demonstrar que a força que mantém aldeias grandes de forma mais perene é a produção de festas para filhos belos de famílias de prestígio, ou nobres. Acredito que este fenômeno, que é concebido pelos Karajá como a manifestação de riqueza de uma família, seja a base da manutenção de unidades políticas maiores. Para isso, procurei demonstrar que as características da chefia ameríndia, sugeridas por Pierre Clastres estão francamente corretas, mas são insuficientes para explicar a manutenção de grandes aldeias. Restaria explicar, justamente, diante de um potencial físsil tão grande, diante desta “força centrífuga” da máquina política ameríndia, como é possível o surgimento e a manutenção de aldeias grandes. Nosso argumento neste artigo é que tal é possível com a manutenção de uma vida alegre e pacífica na aldeia. Isto é possível mediante a produção contínua de festas e pelo reconhecimento público da beleza dos filhos de chefes.
Palavras-chave: índios Karajá, chefia, magnificação, festas