Agudização das agruras no cárcere

quando o estado penal é mais forte que os direitos humanos

Autores

  • Roselayne Castro de Souza Universidade Federal do Amazonas

DOI:

https://doi.org/10.29327/2702935.10.1-3

Palavras-chave:

Cárcere, Direitos Humanos, Punitivismo

Resumo

O sistema prisional brasileiro reflete as profundas desigualdades sociais, raciais e econômicas que estruturam a sociedade. Marcado por raízes históricas ligadas à escravidão e à criminalização da pobreza, o encarceramento em massa opera como estratégia de controle social. Este artigo analisa criticamente o sistema penal a partir de uma perspectiva abolicionista, destacando a seletividade racial, a superlotação das prisões e as condições desumanas que comprometem a dignidade dos detentos. A violência institucional e a letalidade policial são evidências do racismo estrutural que atravessa as práticas do Estado penal. O texto destaca ainda a letalidade policial e o papel das famílias como sujeitos impactados e, ao mesmo tempo, resistentes Com base na análise dos limites do sistema carcerário contemporâneo, o trabalho propõe a urgência de reimaginar alternativas à prisão, reafirmando que o cárcere, longe de ressocializar, aprofunda a exclusão e revela o fracasso de um modelo punitivista.

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Publicado

31-10-2025

Edição

Seção

Dossiê Temático Encarceramento e Interseccionalidade na temática prisional na Am