Retomada Gãh Ré
esforços para uma etnografia do particular
DOI:
https://doi.org/10.29327/2702935.10.1-12Palavras-chave:
Retomada Gãh Ré; Kaingang; Morro Santana; Teoria Antropológica.Resumo
Este artigo tem como objetivo pensar a atuação de uma coletividade Kaingang territorializada no Morro Santana, Porto Alegre, a partir do processo de recuperação territorial, à luz de três inflexões importantes da antropologia – (1) as críticas à autoridade etnográfica, (2) as críticas feministas e decoloniais e (3) as críticas mais que humanas. Para tanto, proponho uma posição de reflexão e experimentação com as teorias acima citadas, sobre um trabalho de campo iniciado em 2022 e ainda em curso. Os Kaingang da Retomada Gãh Ré se relacionam com o Morro Santana de diversas formas, pois o território evoca a memória ancestral dos indígenas. Guiados por Gah Té, mulher Kanherú, cacica e kujà (liderança espiritual), os indígenas lutam pela preservação de seu território ancestral, que estava em vias de ser entregue à especulação imobiliária para a construção de um condomínio de luxo.
Downloads
Referências
Alarcon, Daniela Fernandes. O retorno da terra: as retomadas na aldeia Tupinambá da Serra do Padeiro, sul da Bahia. Editora Elefante, 2019.
Asad, Talal; Reinhardt, Bruno. Introdução a "Anthropology and the Colonial Encounter", Talal Asad. Ilha, Revista de Antropologia, v. 19, n. 2, p. 313-327, 2017.
Clifford, James. Sobre a autoridade etnográfica. In: Clifford, James. A Experiência Etnográfica. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 2008.
Krenak Ailton. “A Potência do Sujeito Coletivo”. Entrevista concedida a Jailson de Souza e Silva. Revista Periferia, vol. 1, n. 1, 2018.
Pratt, Mary Louise. “Ciência, consciência planetária, interiores” e “Narrando a anticonquista”. In: Pratt, Mary Louise. Os olhos do império: relatos de viagem e transculturação. Bauru: Edusc, 1999, p. 41-125.
Wynter, Sylvia. Unsettling the coloniality of being/power/truth/freedom: towards the human, after man, its overrepresentation - an argument. CR: The New Centennial Review v. 3, n. 3, 2003, 257-337.
Geertz, Clifford. Obras e vidas: o antropólogo como autor. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2002.
Haraway, Donna. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos pagu, n. 5, p. 7-41, 1995.
Overing, Joanna. O xamã como construtor de mundos: Nelson Goodman na Amazônia. Idéias: revista do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, ano 1, n. 2, 1994, 81-118.
Wagner, Roy. “A presunção da cultura” e “A cultura como criatividade”. In: Wagner, Roy. A
invenção da cultura. São Paulo: Cosac & Naify, 2010, p. 27-73.
Abu-Lughod, Lila. A escrita contra a cultura. Equatorial, v. 5, n. 8, 2018, 193-226.
Comaroff, Jean; Comaroff, John. Etnografia e imaginação histórica. Revista Proa, v. 2, n. 1, 2010, 1-72.
Oyěwùmí, Oyèrónké. A invenção das mulheres: construindo um sentido africano para os discursos ocidentais de gênero. Rio de Janeiro: Bazar do Tempos, 2021.
MacClintock, Anne. Couro imperial: raça, gênero e sexualidade no embate colonial. Campinas: Editora da Unicamp, 2010.
Krenak, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
Quijano, Aníbal. Colonialidad del poder y classificación social. Castro-Gomez, S.; Grosfoguel, R. El Giro Decolonial. Bogotá: Siglo de Hombre Editores, 2007. pp. 93-125.
Quintero, Pablo. Mito-lógicas del diablo en el Chaco argentino. Espaço Ameríndio. v. 9, n. 1, 2015.
Maréchal, Clémentine; Gah Té, Iracema. Sonhar, curar, lutar: Colonialidade, xamanismo e cosmopolítca kaingang no Rio Grande do Sul. Curitiba: Editora Primas, 2017.
Maréchal, Clementine, Heineck, Eduarda; Brandalise, Guilherme; Rodrigues, Milena; Quintero, Pablo; Magalhães, Alexandre; Silva, Gustavo; Valdez, Ramiro. Nota Técnica acerca da ancestralidade indígena Kaingang e Xokleng no território denominado Gãh Ré no Morro Santana em Porto Alegre. 2022.
Maréchal, Clémentine; Quintero, Pablo. Populações kaingang, processos de territorialização e capitalismo colonial/moderno no Alto Uruguai (1941-1977). Horizontes Antropológicos, v. 26, n. 58, 2020.
Gonzalez, Lélia. A categoria político-cultural de amefricanidade. Revista Tempo Brasileiro, n. 92-93, 1988, p. 69-82.
Federici, Silvia. Calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. São Paulo: Editora Elefante, 2017, p. 377-418.
Tsing, Anna. Viver nas ruínas: paisagens multiespécies no Antropoceno. Brasília: IEB Mil Folhas, 2019.
Cadeña, Marisol de la. Natureza incomum: histórias do antropo-cego. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, 69: 95-117, 2018.
Ferdinand, Malcom. Uma ecologia decolonial: pensar a partir do mundo caribenho. São Paulo: Ubu, 2022, p. 45-94.
 
						 
							