NOS CAMINHOS DAS ÁGUAS, A RETOMADA DA SAÚDE YANOMAMI
DOI:
https://doi.org/10.21170/geonorte.2024.V.15.N.51.168.190Palavras-chave:
saude indigena, saneamento, agua potavel, tecnologias sociais, determinantes sociais da saudeResumo
Historicamente, as taxas de mortalidade infantil nas crianças indígenas são desproporcionalmente mais altas que nas crianças pertencentes a outras categorias de cor ou raça, no Brasil. Aproximadamente 75% das mortes notificadas em crianças indígenas são por causas evitáveis, reduzíveis por ações preventivas, de diagnóstico ou tratamento. Dentre estas, destacam-se a doença diarreica aguda (DDA), a desidratação e a desnutrição. Este estudo visou analisar a qualidade das águas de rios, poços e torneiras utilizadas para consumo humano, nas comunidades Ariabú e Maturacá, na Terra Indígena Yanomami, Amazônia-Brasil. Realizou-se trabalho de campo em janeiro e setembro de 2023, momento em que foram realizadas entrevistas comunitárias, observação participante, e foram amostrados 26 pontos para análise da qualidade da água. Como referência, utilizamos os parâmetros definidos na Resolução Conama 357/2005 e na Portaria GM/MS 888/2021. Em campo, foram feitas medições in situ com sonda multiparamétrica, e medição de cloro residual livre nas torneiras. Nos mananciais superficiais (águas naturais), foram observados: pH >6; turbidez média, cor real e aparente altas, baixa concentração de nutrientes, temperaturas médias de 24ºC e oxigênio dissolvido baixo. Em alguns pontos, as concentrações de coliformes ultrapassaram 2419 NMP/100mL, excedendo muitas vezes o limite recomendado como seguro, estando inviável até para banho. Em águas de abastecimento, as análises revelaram que as amostras atenderam os parâmetros físico-químicos estabelecidos pela legislação. No entanto, o hábito da população local de consumir águas naturais, provenientes dos rios da região, onde foram detectadas altas concentrações de coliformes fecais, em pontos próximos das comunidades, revela a estreita associação entre o consumo de água contaminada e a elevada frequência de desidratação, desnutrição e diarreia nos territórios.
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