Os/as musicistas alagoanos/as e o discurso do apelo
entre a legalidade e as manifestações discursivas
Resumen
Com o agravamento da pandemia de COVID-19 e o consequente recrudescimento das medidas de distanciamento social, tornou-se objeto de discussão a necessidade de se adotar protocolos de funcionamento para bares e restaurantes em Alagoas, visto que as fragilidades dos/as trabalhadores/as que atuam nesses locais foram ressaltadas. No presente trabalho, buscou-se apreender os sentidos produzidos pelo discurso dos/as musicistas alagoanos, a partir das manifestações ocorridas em dezembro de 2020, na capital de Alagoas, Maceió, cujos enunciados então formulados configuraram uma reação àquilo que, de acordo com os/as trabalhadores/as da cadeia produtiva musical, representou uma contradição. Trata-se dos termos identificados no discurso jurídico materializado no artigo 9º do Decreto Governamental n. 72.438, que dispôs sobre as regras de flexibilização para o funcionamento de bares e restaurantes no Estado durante o período pandêmico. Este decreto autorizou o funcionamento de tais estabelecimentos, mas proibiu a presença de apresentações de música ao vivo. Assim, os/as trabalhadores/as que se utilizam da música como ferramenta de laboração para obterem renda se viram excluídos/as desses ambientes. Nosso gesto de análise se dá com base nos pressupostos teóricos e metodológicos da Análise do Discurso de linha francesa. Nela encontramos a fundamentação necessária para capturar os sentidos dos discursos produzidos pelos/as trabalhadores da categoria musical alagoana que foram às ruas, às mídias sociais e aos meios de comunicação se manifestar em dezembro de 2020. O resultado a que essa pesquisa chegou/apontou para o fortalecimento coletivo dos/as musicistas enquanto classe de trabalhadores a partir de uma luta unificada.
Palavras-chave: Discurso; Decreto; Manifestações; Trabalho; Musicistas.
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