O aprisionamento da razão
uma análise da participação do IDORT no desenvolvimento da educação profissional no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.29280/rappge.v7i01.11824Palavras-chave:
IDORT. Educação profissional. Capitalismo brasileiro.Resumo
A educação profissional é um fenômeno amplamente debatido na contemporaneidade. O objetivo do presente trabalho foi analisar os fundamentos ontológicos de sua gênese no Brasil enquanto proposta madura de formação de consciências – especialmente no seio da classe trabalhadora – tendo como foco as décadas de 1930 e 1940. Posto isto, o artigo se dedica a estudar os primeiros anos de atuação do Instituto de Desenvolvimento e Organização Racional do Trabalho (IDORT), absorvendo-o como importante célula de propagação da racionalidade burguesa no campo educacional. Salientamos que o trabalho foi desenvolvido a partir de uma pesquisa bibliográfica, tendo como suporte metodológico o materialismo histórico-dialético. Como elemento conclusivo, afirmamos que o IDORT se constituiu como um marco para a assimilação de padrões de organização do trabalho do século XX como o taylorismo, contribuindo diretamente para a maturação da educação profissional como protótipo conteudístico e conceitual de soerguimento do capitalismo brasileiro moderno. Por fim, afirmamos ser essa uma experiência relevante da relação entre trabalho e educação, pois demonstra que o desenvolvimento das forças produtivas exigiu uma plataforma ideológica compatível a sua objetivação. Nesse aspecto, a educação profissional no Brasil ajudou a erigir caminhos formativos para a sedimentação de relações sociais essencialmente fundadas na lógica bancária, em que a produtividade é tomada como pedra angular.
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