Vidas em vulnerabilidade: a História Oral como possibilidade para a narrativa historiográfica
DOI:
https://doi.org/10.29327/217579.8.1-2Palavras-chave:
História Oral, Vulnerabilidade, Testemunho, Discurso, MemóriaResumo
As desigualdades econômicas e socioculturais chamam a atenção para a diferenciada exposição das vidas às diversas formas de violência. Isso decorre de um reconhecimento desigual, segundo o qual algumas vidas têm importância e devem ser protegidas, enquanto outras não. Ao refletirmos sobre tais questões, defrontamo-nos com a escassez de fontes e pesquisas no campo historiográfico. À vista disso, este artigo tem o intuito de ampliar esses diálogos e pensar os usos da história oral como metodologia para abordar sujeitos em vulnerabilidade. Em um primeiro momento, refletimos as noções de vulnerabilidade e reconhecimento, baseados nas reflexões de Judith Butler e Athena Athanasiou. No segundo, problematizamos os conceitos de testemunho, discurso e memória, balizados nas proposições de Paul Ricoeur, Paul Veyne, Michel Foucault e Henri Bergson. Por fim, discutimos a prática da história oral com vidas em vulnerabilidade em pesquisas historiográficas.
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