PRORROGAÇÃO - CHAMADA DE ARTIGOS: POVOS ORIGINÁRIOS, CAPITALISMO E RELAÇÕES DE PODER NA AMÉRICA LATINA V. 7, N. 1 - 2022
Informamos que o prazo final para submissão de artigos para o dossiê "POVOS ORIGINÁRIOS, CAPITALISMO E RELAÇÕES DE PODER NA AMÉRICA LATINA" foi prorrogado para o dia 30/04/2022.
NOVO PRAZO FINAL: 30/04/2022.
CHAMADA DE ARTIGOS: POVOS ORIGINÁRIOS, CAPITALISMO E RELAÇÕES DE PODER NA AMÉRICA LATINA
V. 7, N. 1 - 2022
Clémentine Ismérie Maréchal (PPGAS/UFRGS)
Vinícius Cosmos Benvegnú (PPGAS/UFAM)
Submissão: 01/10/2021 a 30/04/2022
As relações sociais na América Latina estão alicerçadas em assimetrias de poder oriundas do (mal)encontro colonial. A conquista do “novo mundo” tem marcado o surgimento de uma matriz de dominação estruturada pelo racismo e alimentada pelo capitalismo. O racismo surge assim como condição para a exploração dos territórios e das populações que o habitam (Quijano, 2000), dessa maneira, constitui-se como o eixo transversal da reprodução das práticas coloniais que se perpetuam nas sociedades latino-americanas atuais.
Os povos indígenas ao longo dos 520 anos de espoliação, viram suas terras e territórios transformando-se em mercadoria, seus rios virarem em esgotos (Krenak, 2015) e seus corpos subjugados aos interesses do capitalismo colonial. O Estado brasileiro, desde seus primeiros anos republicanos, caracteriza-se por fomentar e patrocinar frentes de expansão econômica sob a bandeira do desenvolvimento (Velho, 2013). No caminho dessas frentes estavam e estão as populações indígenas que vêm sendo exterminadas, deslocadas e constrangidas a trabalhar sob condições degradantes, inclusive com respaldo das instituições governamentais. Essas populações também elaboraram estratégias para se apropriarem da “arquitetura da dependência” (Turner, 1991) no intuito de afirmar certa autonomia econômica e política.
Entretanto, estudos clássicos das ciências sociais têm recorrentemente omitido as relações de poder que atravessam as organizações sociais, econômicas e espirituais dos povos originários, em prol de uma visão a-histórica e um tanto essencialista dessas sociedades, analisando-as sob o espectro da sua “alteridade radical”. Para além do conceito de alteridade, Fabian (2006) aponta a noção de “outridade” (otherness) como mais adequada para encarar a alteridade não como uma visão espelhada de si, mas historizada, enquanto produto de violências, assimetrias de poder, decorrente do colonialismo. A “outridade” reflete nas representações dessas populações, que são vistas, ora como o ícone sublime da simbiose entre homem e natureza, e ora como aculturadas, absorvidas pelas sociedades nacionais e o sistema capitalista. Essas representações permeiam o pensamento nacional, na qual a história dos processos coloniais e as respostas e estratégias políticas e econômicas dessas populações tendem a ser apagadas.
Dentro dessa perspectiva, este Dossiê pretende receber artigos embasados em trabalhos etnográficos ou históricos que considerem os indígenas “de carne e osso” (Ramos, 1994) e que apreendam as relações de poder que atravessam a formação e afirmação dessas populações. Serão bem-vindos artigos que abordem, tanto perspectivas etnográficas quanto históricas: 1) as relações sociais de trabalho; 2) estratégias políticas e de manejo ambiental; 3) resistências e autonomias territoriais, que digam respeito às populações indígenas do continente americano. Visando a pluralidade de relatos e narrativas, temos especial interesse em trabalhos produzidos por acadêmicos e pesquisadores indígenas. Suas pesquisas são extremamente importantes para entendermos a sociedade brasileira e latino-americana desde uma pluralidade de perspectivas além de contribuir ativamente para a restauração da história (Palermo,2005).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FABIAN, Johannes. The other revisited: Critical afterthoughts. Anthropological Theory, San Francisco. 6(2), p.139-152. 2006.
KRENAK, Ailton. Paisagens, territórios e pressão colonial, Espaço Ameríndio. Porto Alegre, v.9, n.3, p.327-343, jul/dez 2015.
PALERMO, Zulma. Desde la otra orilla: pensamiento crítico y políticas culturales en América Latina. Córdoba: Alción Editora, 2005, 264 p.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder y clasificación social. Journal of world-system research, 11 (2), Riverside, 2000.
RAMOS, Alcida Rita. The Hyperreal Indian. Série Antropologia. Brasília,135, 1992.
TURNER, Terence. Da Cosmologia à História: resitência, adaptação e consciência social entre os Kayapó. Cadernos de Campo, vol.1, nº1, USP, 1991 [1987].
VELHO, Otávio Guilherme. Frentes de expansão e estrutura agrária: estudo do processo de penetração numa área da Transamazônica. 3. ed. – Manaus: UEA Edições, 2013. 180 p.
CONVOCATÓRIA DE ARTICULOS: PUEBLOS ORIGINÁRIOS, CAPITALISMO Y RELACIONES DE PODER EN AMÉRICA LATINA
V. 7, N. 1 - 2022
Clémentine Ismérie Maréchal (PPGAS/UFRGS)
Vinícius Cosmos Benvegnú (PPGAS/UFAM)
Envío: 01/10/2021 al 30/04/2022
Las relaciones sociales en Latinoamérica están cimentadas en asimetrías de poder procedentes del (mal) encuentro colonial. La conquista del “nuevo mundo” ha marcado el surgimiento de una matriz de dominación estructurada por el racismo y alimentada por el capitalismo. El racismo surge así, como condición para la explotación de los territorios y de las poblaciones que lo habitan (Quijano, 2000), de esa forma, se constituye como el eje transversal de la reproducción de las prácticas coloniales que se perpetúan en la sociedad brasileña y latinoamericanas actuales.
Los pueblos indígenas a lo largo de los 520 años de expoliación, ven sus tierras y territorios transformarse en mercancía, sus ríos convertirse desagüe (Krenak, 2015) y sus cuerpos subyugados a los intereses del capitalismo colonial. El Estado brasileño, desde los principios de la República, se caracterizó por promover y financiar frentes de expansión económica bajo la bandera del desarrollo (Velho, 2013). En el camino de esos frentes estaban y están las poblaciones indígenas que vienen siendo exterminadas, desplazadas y constreñidas a trabajar bajo condiciones humillantes, incluso con el respaldo de las instituciones gubernamentales. Otras poblaciones, han elaborado estrategias para apropiarse de la arquitectura de la dependencia (Turner, 1991) con la intención de afirmar cierta autonomía económica y política.
Sin embargo, estudios clásicos de las ciencias sociales han omitido, con cierta frecuencia, las relaciones de poder que atraviesan la organizaciones sociales, económicas y espirituales de los pueblos originarios, en favor de una visión a-histórica y algo esencialista de esas sociedades, analizándolas bajo una mirada de su “alteridad radical”. Más allá del concepto de alteridad, Fabian (2006) apunta la noción de “otredad” (otherness) como más apropiada para pensar la alteridad no como una visión reflejada de sí mismo, pero historizada, como producto de violencias y asimetrías de poder, resultado del colonialismo. La “otredad” se refleja en las representaciones de esas poblaciones, que se ven, ahora como icono sublime de la simbiosis entre hombre y naturaleza, o como aculturadas, absorbidas por las sociedades nacionales y el sistema capitalista. Esas representaciones impregnan el pensamiento nacional, en el que la historia de los procesos coloniales y las respuestas y estrategias políticas y económicas de esas poblaciones tienden a ser borradas.
Desde esta perspectiva, este Dossier pretende recibir artículos basados en trabajos etnográficos o históricos que consideren los indígenas “de carne y hueso” (Ramos, 1994) y que aprehendan las relaciones de poder que atraviesan la formación y afirmación de esas poblaciones. Serán bienvenidos artículos que aborden tanto la perspectiva etnográfica como histórica: 1) las relaciones sociales de trabajo; 2) estrategias políticas y de manejo ambiental; 3) resistencias y autonomías territoriales, que afecten a las poblaciones indígenas del continente americano. Mirando la pluralidad de relatos y narrativas, tenemos especial interés en trabajos producidos por académicos e investigadores indígenas. Sus investigaciones son extremamente importantes para que podamos entender la sociedad brasileña y latinoamericana desde una pluralidad de perspectivas, además de contribuir activamente para la restauración de la historia (Palermo, 2005).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FABIAN, Johannes. The other revisited: Critical afterthoughts. Anthropological Theory, San Francisco. 6(2), p.139-152. 2006.
KRENAK, Ailton. Paisagens, territórios e pressão colonial, Espaço Ameríndio. Porto Alegre, v.9, n.3, p.327-343, jul/dez 2015.
PALERMO, Zulma. Desde la otra orilla: pensamiento crítico y políticas culturales en América Latina. Córdoba: Alción Editora, 2005, 264 p.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder y clasificación social. Journal of world-system research, 11 (2), Riverside, 2000.
RAMOS, Alcida Rita. The Hyperreal Indian. Série Antropologia. Brasília,135, 1992.
TURNER, Terence. Da Cosmologia à História: resitência, adaptação e consciência social entre os Kayapó. Cadernos de Campo, vol.1, nº1, USP, 1991 [1987].
VELHO, Otávio Guilherme. Frentes de expansão e estrutura agrária: estudo do processo de penetração numa área da Transamazônica. 3. ed. – Manaus: UEA Edições, 2013. 180 p.
APPEL À CONTRIBUTIONS: PEUPLES AMÉRINDIENS, CAPITALISME ET RELATIONS DE POUVOIR EN AMÉRIQUE LATINE
V7, N. 1 - 2022
Clémentine Ismérie Maréchal (PPGAS/UFRGS)
Vinícius Cosmos Benvegnú (PPGAS/UFAM)
Soumission: 10/01/2021 au 30/04/2022
Les relations sociales en Amérique Latine sont enracinées dans des asymétries de pouvoir puisant leur origine dans la rencontre coloniale. La conquête du « nouveau monde » a marqué la naissance d’une matrice de domination structurée par le racisme et alimentée par le capitalisme. De cette manière, le racisme naît en tant que condition d’exploitation des territoires et des populations qui les habitent (Quijano, 2000). Il se constitue ainsi comme fil conducteur de la reproduction des pratiques coloniales qui se perpétuent au sein des sociétés latino-américaines actuelles.
Les peuples amérindiens ont vu au long des 520 dernières années de spoliation, leurs terres et territoires se transformer en marchandises, leurs fleuves en égouts (Krenak, 2015) et leurs corps subjugués aux intérêts du capitalisme colonial. L’État brésilien, depuis ses premières années républicaines, s'organise pour fomenter et parrainer des fronts d’expansion économiques sous couvert du développement (Velho, 2013). Sur les chemins de ce développement se trouvaient, et se trouvent toujours, les populations amérindiennes - exterminées, délogées et contraintes à travailler dans des conditions dégradantes avec l’accord et le soutien des institutions gouvernementales. Les populations amérindiennes ont élaboré des stratégies pour s’approprier de « l’architecture de la dépendance » (Turner, 1991) dans le but de créer une relative autonomie économique et politique.
Cependant, les études classiques en sciences sociales ont souvent omis les relations de pouvoir qui traversent les organisations sociales, économiques et spirituelles des peuples amérindiens. Elles ont favorisé une vision a-historique et quelque peu essentialiste de ces sociétés, en les analysant sous le spectre d’une soi-disant “altérité radicale”. Au-delà du concept d’altérité, Fabian (2006) pointe la notion d’ “autreté” (otherness) qu’il analyse comme plus adéquate pour affronter l’altérité non pas comme une vision miroitée de soi, mais historicisée, en tant que produit de violences et des asymétries de pouvoir qui découlent du colonialisme. L’ “autreté” se reflète dans les représentations de ces populations qui sont vues alors comme l’icône sublime de la symbiose entre l’Homme et la nature ou bien comme acculturées, absorbées par les sociétés nationales et par le système capitaliste. Ces représentations sont au cœur de la pensée nationale, au travers de laquelle l’histoire des processus coloniaux et les réponses et stratégies politiques et économiques de ces populations ont tendance a être effacées.
Au cœur de cette perspective, ce dossier prétend recevoir des articles basés sur des travaux ethnographiques ou historiques qui prennent en compte les amérindiens “de chair et d’os” (Ramos, 1994) et qui appréhendent les relations de pouvoir traversant la formation et l’affirmation de ces populations. Seront bienvenus les articles qui abordent à partir de perspectives ethnographiques autant qu’historiques: 1) les relations sociales du travail; 2) les stratégies politiques et de manutention environnementale; 3) les résistances et exemples d’autonomies territoriales des populations amérindiennes du continent américain. Visant la pluralité des narratives, nous sommes particulièrement intéressés par les travaux réalisés par des académiques et chercheurs amérindiens. Leurs recherches sont extrêmement importantes pour comprendre la société brésilienne et latino-américaine à partir d’une pluralité de perspective en plus de contribuer activement pour la restauration de l’histoire (Palermo, 2005).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FABIAN, Johannes. The other revisited: Critical afterthoughts. Anthropological Theory, San Francisco. 6(2), p.139-152. 2006.
KRENAK, Ailton. Paisagens, territórios e pressão colonial, Espaço Ameríndio. Porto Alegre, v.9, n.3, p.327-343, jul/dez 2015.
PALERMO, Zulma. Desde la otra orilla: pensamiento crítico y políticas culturales en América Latina. Córdoba: Alción Editora, 2005, 264 p.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder y clasificación social. Journal of world-system research, 11 (2), Riverside, 2000.
RAMOS, Alcida Rita. The Hyperreal Indian. Série Antropologia. Brasília,135, 1992.
TURNER, Terence. Da Cosmologia à História: resitência, adaptação e consciência social entre os Kayapó. Cadernos de Campo, vol.1, nº1, USP, 1991 [1987].
VELHO, Otávio Guilherme. Frentes de expansão e estrutura agrária: estudo do processo de penetração numa área da Transamazônica. 3. ed. – Manaus: UEA Edições, 2013. 180 p.