Calor, barulho e benção: a Moto romaria do Círio de Nazaré de Belém-PA

Autores/as

  • Mariana Pamplona Ximenes Ponte UFPA

DOI:

https://doi.org/10.29327/217579.6.2-15

Resumen

A primeira procissão do Círio de Nazaré em Belém-Pa aconteceu em 1793, a devoção cresceu e diversas formas de manifestações surgiram e cresceram ao longo do tempo. Entre as principais celebrações estão as procissões e romarias que juntamente com muitos outros eventos, missas e festas compõem o Círio de Nazaré. A partir da década de 1980 muitas procissões surgiram, entre elas a chamada Moto Romaria, criada em 1990 pela Federação Paraense de Motociclismo e incorporada pela Diretoria da Festa ao calendário oficial do Círio (PANTOJA, 2006). A Moto Romaria acontece no segundo sábado de outubro pela manhã após o Círio Fluvial, a romaria dos motociclistas leva a imagem da escadinha do cais do Porto (Praça Pedro Teixeira) até o Colégio Gentil, de onde horas depois é o ponto de partida da segunda maior procissão, a Trasladação.

Há quinze anos pesquisando o Círio de Nazaré, passei a adotar como estratégia metodológica espiar a religiosidade a partir de seus rituais e festas (PONTE, 2019). E esse ensaio foi produzido em um desses momentos da pesquisa de campo, na manhã do sábado do Círio de 2015 fui ver a santa passar na Moto Romaria.

O ensaio fotográfico foi feito na Avenida Nazaré, no entorno da Basílica Santuário de Nazaré, lugar central no mito de origem e celebração da devoção em N.S. de Nazaré em Belém.  Para a Moto Romaria, é também um lugar importante por ser próximo ao local do encerramento e momento em que os motociclistas recebem as benções de padres que aspergem água benta em seus corpos, seus capacetes e suas motos.

A forma com que as pessoas vivenciam e experimentam a cidade ao longo do ano influencia também na forma com que vivem e se relacionam com a Santa durante o Círio de Nazaré. Os transportes utilizados são o centro de algumas das manifestações, como é o caso da Moto Romaria, quando os fiéis que as utilizam para locomoção no cotidiano, trabalho ou lazer escolhem colocar seus carros, motos, barcos como mídia para renovar os votos de agradecimento por terem conseguido adquirir esse bem, pela superação de algum acidente ocorrido, ou pedido de proteção para que eles não aconteçam.

As motocicletas e capacetes carregam homenagens à Santa com fitas, imagens, berlindas, cartazes. As roupas se destacam como meio de demonstrar devoção, grupos vestem camisetas iguais, empresas e famílias produzem estampas em agradecimento ou homenagem a Santa. 

A moto romaria exige de todos os nossos sentidos, é intenso o barulho dos escapamentos das motos, que são alterados para potencializá-lo, o volume é homenagem, os motores constantemente acelerados para manter o barulho provocam a queima de combustível, com isso, é também intenso cheiro.

 

PANTOJA, Vanda. Negócios sagrados: reciprocidade e mercado no Círio de Nazaré. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais). Belém: Universidade Federal do Pará, 2006.

PONTE, Mariana P.X. O Círio de Nazaré de Belém-PA como fresta para a religiosidade paraense. Tese (Doutorado em Sociologia e Antropologia). Belém: Universidade Federal do Pará, 2019.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Citas

PANTOJA, Vanda. Negócios sagrados: reciprocidade e mercado no Círio de Nazaré. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais). Belém: Universidade Federal do Pará, 2006.

PONTE, Mariana P.X. O Círio de Nazaré de Belém-PA como fresta para a religiosidade paraense. Tese (Doutorado em Sociologia e Antropologia). Belém: Universidade Federal do Pará, 2019.

Publicado

2022-07-20