Caça entre os Tenetehara: reflexões sobre a atividade de caça realizadas pelos Tembé do Alto Rio Guamá

Abstract

O presente texto é resultado de leituras e experiências que tive entre os Tembé do alto rio
Guamá, os quais são, antes de mais nada, um povo que tem na caça um momento de intensa relação
entre humanos e não-humanos. Este grupo indígena reside na Terra Indígena Alto Rio Guamá,
que está localizada na região nordeste do estado do Pará. Realizo tais reflexões etnológicas com
base em autores como Viveiros de Castro e Carlos Fausto. Espero com isso, apresentar a atividade
de caça como interessante meio para se pensar a cosmologia dos Tembé, tema em que uma diversidade
de relações podem ser observadas, pautadas por regras que revelam a tênue linha divisora
de harmonias e conflitos entre os seres envolvidos, situações em que os caçadores são conhecedores
de tais regras, como o “pedir permissão”, que por sua vez é um mecanismo de mediação das
relações entre seres diferentes, evitando com isso que os indígenas sejam predados. Portanto, a
habilidade para “pedir permissão”, com o objetivo de caçar sem que sejam predados, faz parte do
acúmulo de conhecimentos que o homem Tembé adquire ao longo de sua formação como caçador.