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Apresentamos o terceiro volume da Wamon – Revista dos Alunos do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFAM – que em seus seis artigos busca refletir questões como identidade étnica entre indígenas e quilombolas no Brasil, pescadores e mulheres em trabalho de parto e seus “acompanhantes”, temas estes transpassados também por musicalidade, danças, direitos e conflitos.

No artigo de Agenor Cavalcanti, intitulado “Cuxiymauara: indigenização da música em São Gabriel da Cachoeira (AM) e comunidades da região” o autor apresenta uma etnografia da prática musical no noroeste amazônico ensaiando uma “teoria da musicalidade cuxiymauara”, da qual são compartilhados conhecimentos diversos acerca do mundo, do cosmo e da política dos povos indígenas da região do alto Rio Negro.

O artigo de Barbara Oliveira Souza, “Andanças sobre os Direitos Quilombolas: Mobilizações e Narrativas” objetiva abordar algumas situações sociais de mobilização de comunidades quilombolas no Brasil desde o processo da Assembleia Constituinte até a conclusão do julgamento que questionava a constitucionalidade Decreto 4887/2003. A autora reitera que os direitos das comunidades quilombolas no Brasil encontra fragilidade dentre outros pontos, na efetivação do direito aos seus territórios, colocando tais comunidades num enredo de lutas e conflitos constantes.

O artigo de Felipe Sotto Maior Cruz “Entre “índios” e sertanejos: O Povo indígena Tuxá e a retórica desenvolvimentista chesfiana em Itaparica” traz uma reflexão sobre o povo indígena Tuxá que foi impactado diretamente ao ter seu território tradicional inundado pela construção da Hidrelétrica de Itaparica ao fim da década de 1980. A partir desse evento, o autor objetiva compreender como ocorreu a invisibilização das violações de direitos pela empresa responsável ao povo Tuxá que legitimou uma ideologia desenvolvimentista. 

No artigo de Jefferson Queiroz de Pinho e Márcia Regina Calderipe Farias RufinoA performance da crise: partos e homens acompanhantes em uma maternidade na Cidade de Manaus – AM” os autores apresentam uma etnografia sobre as situações de crise vividas por mulheres em trabalho de parto e seus “acompanhantes” em uma maternidade localizada na cidade de Manaus. O trabalho de campo foi realizado a partir do ponto de vista dos homens “acompanhantes” e é percebido que a violência obstétrica está presente nos atendimentos e se configura como um temor para pais e mães, sendo essa violência que desencadeia as crises. As situações de crise são compreendidas enquanto momentos nos quais as mães, pais, seus “bebês” e os “funcionários” da maternidade performatizam interações que envolvem conflitos e acomodações entre os desejos, medos e limites em relação aos serviços que são oferecidos.

O artigo de Roseni Santana Calazans intitulado “De pescadores e marisqueiras negr@s a quilombolas: processo de etnogênese na comunidade de São Braz/Santo Amaro – BA” procura trazer uma reflexão do processo de configuração da identidade étnica quilombola na comunidade de São Braz, Santo Amara - Recôncavo da Bahia. O artigo analisa o contexto da luta pelo título definitivo do território e os aspectos que mobilizam os quilombolas de São Bráz na luta por direitos que vai desde a violência simbólica à comunidade até a ameaça da construção de um megaempreendimento hoteleiro, fato que fez com que a comunidade se mobilizasse a conquistar a certidão quilombola no ano de 2009 junto a Palmares.

O artigo que encerra este volume é de autoria de Kirna Karoleni Vitor Gomes, intitulado “Descrição etnográfica da magia que contagia: dança do cordão do africano”, a autora objetiva compreender a dança do Cordão do Africano como um marco cultural no município de São Paulo de Olivença, situado na região do Alto Rio Solimões-AM. Como cultura popular, a dança do cordão do africano apresenta-se para além de uma atividade festiva no âmbito do profano, ela é sobretudo, uma atividade religiosa. A autora destaca esta dança como uma representação dos negros livres em São Paulo de Olivença que revivem a memória de suas famílias e sua passagem pela comunidade indígena Kambeba.

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2019-01-12

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