“Batendo garrafa”
O direito à saúde no sistema prisional cearense sob enfoque de gênero
DOI:
https://doi.org/10.29327/2702935.10.1-4Palavras-chave:
Direito à Saúde, Saúde Prisional, Gênero e Prisões, Saúde da MulherResumo
A prisão consagrou-se como uma instituição tradicionalmente voltada a uma população masculina, jovem e marginalizada, sendo idealizada e implementada a partir de estruturas androcêntricas, mas da qual as mulheres nunca estiveram isentas. Com isso, o presente estudo se debruça sobre o impacto do cárcere sobre a atenção em saúde das mulheres. Na direção dos objetivos propostos, adotou-se a abordagem qualitativa com utilização de pesquisa bibliográfica e documental aliada à pesquisa de campo, onde foram instrumentalizados observação participante de inspiração etnográfica no Instituto Penal Feminino Desembargadora Auri Moura Costa e Creche Amadeu Barros Leal, no Ceará. Além disso, realizou-se entrevistas abertas em profundidade e aplicação de questionários, pelos quais, 19 mulheres (presas e egressas) foram entrevistadas. Informações também foram colhidas com a administração e equipe médica prisional através de questionário. O trabalho apresenta contribuições ao estudo da saúde prisional feminina e do impacto permanente da prisão no bem-estar físico, mental e social das mulheres presas e suas comunidades
Downloads
Referências
ALMEIDA, C.S. Feminismo Negro: a luta por reconhecimento da mulher negra no Brasil. São Paulo: Dialética, 2020.
AGAMBEN, Giorgio. Reflexões sobre a peste: ensaios em tempos de pandemia. São Paulo: Boitempo, 2020.
BARATA, Rita Barradas. Como e por que as desigualdades sociais fazem mal à saúde. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2009.
BRASIL. Lei n.º 7.210, de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal. Diário Oficial da União, Brasília, Seção 1, p. 10227, 13/07/1984.
BRASIL. Nota Técnica n.º 23/2020/DEPEN/MJ: sobre o acesso à saúde no Sistema prisional. 2020. Disponível em: http://depen.gov.br/DEPEN/SAUDEPRISIONALSEI_MJ11406541NotaTcnica.pdf. Acesso em: 15 maio 2020.
BRASIL. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher: princípios e diretrizes. Série C. Projetos, Programas e Relatórios. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nac_atencao_mulher.pdf. Acesso em: 15 maio 2020.
BURKI, Talha. Prisons are “in no way equipped”to deal with COVID-19. World Report. The Lancet, v. 295, pp. 1411-1412, 02 may 2020.
BUTLER, Judith. Quadros de Guerra: quando a vida é passível de luto? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2024.
CAPPELLARI, Mariana Py Muniz. Estudos prisionais. Estudos Prisionais. Curitiba: Ciências Criminais, 2019.
CARVALHO, Emanuela. A terceira pessoa depois de ninguém. Salvador: Páginas, 2021.
CASTRO, Deise Ferreira Viana de. “Não ficou demonstrada a imprescindibilidade da mãe no cuidado com as crianças”: avaliações sobre gênero e maternidade nas decisões judiciais a respeito da prisão domiciliar. Tese (Doutorado em Letras) – Pontifícia Universidade Católica, Rio de Janeiro, 2022.
CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC). Underlying Conditions and the Higher Risk for Severe COVID-19. Washington DC, 6 feb. 2025. Disponível em: https://www.cdc.gov/covid/hcp/clinical-care/underlying-conditions.html. Acesso em: 28 maio 2025.
COLLINS, Patricia Hills. Bem mais que ideias: a interseccionalidade como teoria social crítica. São Paulo: Boitempo, 2022.
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ). Letalidade prisional: uma questão de justiça e de saúde pública. Brasília: CNJ, INSPER, FGV, 2023.
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ). Relatório de Inspeções: estabelecimentos prisionais do Estado do Ceará, 2022. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2022/05/relatorio-de-inspecoes-prisionais-no-estado-do-ceara-web-2022-05-09.pdf. Acesso em: 15 maio 2020.
COORDENAÇÃO DE SAÚDE NO SISTEMA PRISIONAL (COPRIS). Nota Informativa n.º 11/2020-COPRIS/CGGAP/DESF/SAPS/MS: enfrentamento à emergência de saúde pública em decorrência da COVID-19 no Sistema Prisional, de 27 de abril de 2020. Revista Brasileira de Execução Penal, Brasília, v. 2, n. 1, p. 331-333, 2021. Disponível em: https://rbepdepen.depen.gov.br/index.php/RBEP/article/view/359/183. Acesso em: 15 maio 2023.
DALENOGARE, Gabriela et al. Pertencimentos sociais e vulnerabilidades em experiências de parto e gestação na prisão. Ciênc. Saúde Coletiva, v. 27, n. 01, jan., 2022.
DAVIS, Angela; KLEIN, Naomi. Construindo movimentos: uma conversa em tempos de pandemia. São Paulo: Boitempo, 2020.
DELZIOVO, Carmem Regina et al (org.). Atenção à saúde da mulher privada de liberdade. 2. ed. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2019.
DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL (DEPEN). Painel de monitoramento: Medidas de Combate ao COVID-19 (Atualizado até 17/10/2022). Disponível em: https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiYThhMjk5YjgtZWQwYS00ODlkLTg4NDgtZTFhMTgzYmQ2MGVlIiwidCI6ImViMDkwNDIwLTQ0NGMtNDNmNy05MWYyLTRiOGRhNmJmZThlMSJ9. Acesso em: 15 maio 2025.
DIÁRIO DO NORDESTE. Sistema penitenciário cearense registra segunda morte por Covid-19. Fortaleza, 27 maio 2020. Disponível em: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/seguranca/sistema-penitenciario-cearense-registra-segunda-morte-por-covid-19-1.2250064. Acesso em: 15 maio 2025.
DIVISÃO DE ATENÇÃO ÀS MULHERES E GRUPOS ESPECÍFICOS (DIAMGE). Nota Técnica n.º 17/2020/DIAMGE/CGCAP/DIRPP/DEPEN/MJ: orientações a respeito dos procedimentos quanto à custódia de mulheres, de 28 de abril de 2020. Revista Brasileira de Execução Penal, Brasília, v. 2, n. 2, p. 309-338, 2021. Disponível em: https://rbepdepen.depen.gov.br/index.php/RBEP/article/view/399/229. Acesso em: 15 maio 2023.
DIVISÃO DE ATENÇÃO ÀS MULHERES E GRUPOS ESPECÍFICOS (DIAMGE). Nota Técnica n.º 9/2020/DIAMGE/CGCAP/DIRPP/DEPEN/MJ: orientações a respeito dos procedimentos quanto à custódia de pessoas LGBTI, de 30 de março de 2020. Revista Brasileira de Execução Penal, Brasília, v. 2, n. 1, p. 267-291, 2021. Disponível em: https://rbepdepen.depen.gov.br/index.php/RBEP/article/view/395/225. Acesso em: 15 maio 2023.
DRUCKER, E. A plague of prisons: the epidemiology of mass incarceration in America. New York: New York Press, 2013.
ENGGIST, Stefan et al. Prisons and Health. Copenhagen: WHO, 2014.
FREIRE, A. C. C. F.; PONDÉ, M. P.; MENDONÇA, M. S. S. Saúde mental entre presidiários na cidade de Salvador, Bahia, Brasil. In: Coelho, M. T. A. D. C.; Carvalho Filho, M. J. (org.). Prisões numa abordagem interdisciplinar. Salvador: EDUFBA, 2012.
FREITAS, N. L. À espera de Lili: uma avaliação em profundidade da Política Nacional de Atenção às Mulheres em Situação de Privação de Liberdade e Egressas do Sistema Prisional (PNAMPE) no Instituto Penal Feminino do Ceará, 2023.
GOFFMAN, Erving. Manicômios, Prisões e Conventos. São Paulo: Perspectiva, 2019.
HEARD, Catherine. Towards a health-informed approach to penal reform? Evidence from countries. London: Institute for Criminal Policy Research, 2019.
INFOVÍRUS. De olho no painel do DEPEN: análise de informações de Estado sobre a Covid-19 no Sistema Penitenciário Brasileiro, 2021. Disponível em: https://deixadosparamorrer.org/website/wp-content/themes/deixados-theme/arquivos/Infovirus_De_Olho_No_Depen.pdf. Acesso em: 12 jan. 2023.
INFOVÍRUS. Política de morte: registros e denúncias sobre Covid-19 no Sistema Penitenciário Brasileiro, 2020. Disponível em: https://deixadosparamorrer.org/website/wp-content/themes/deixados-theme/arquivos/Infovirus-Registros-Denuncias-Final-revA.pdf. Acesso em: 12 jan. 2023.
INSTITUTO DE DEFESA DO DIREITO DE DEFESA (IDDD). Justiça e negacionismo: como os magistrados fecharam os olhos para a pandemia nas prisões. Disponível em: https://iddd.org.br/wp-content/uploads/2021/08/iddd-relatorio-negacionismo-final-2.pdf. Acesso em: 12 ago. 2022.
INSTITUTO NEGRA DO CEARÁ (INEGRA). Covid-19 evidencia caráter misógino e LGBTfóbico do sistema prisional. Brasil de Direitos, 02 jun. 2020.
INSTITUTO TERRA, TRABALHO E CIDADANIA (ITTC). Saúde nas prisões: olhando para as mulheres migrantes em conflito com a lei. São Paulo, 30 set. 2020.
LEAL, Maria do Carmo et al. Nascer na prisão: gestão e parto atrás das grades no Brasil. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 21, n. 7, p. 2061-2070, jul/2016.
MARTIL, D. M. D. Despachos x Escrachos: maternidade e cárcere sob a ótica da justiça criminal. Curitiba: Appris, 2020.
MBEMBE, A. Necropolítica: biopoder, estado de exceção, política da morte. São Paulo: n-1 edições, 2018.
MECANISMO NACIONAL DE COMBATE A TORTURA – MNCT. Relatório de Missão ao Ceará: Instituto Penal Feminino Desembargadora Auri Moura Costa e Instituto Psiquiátrico Governador Stênio Gomes. Brasília, 2020. Disponível em: https://mnpctbrasil.wordpress.com/wp-content/uploads/2020/09/relatorio-cearacc81-missacc83o-conjunta.pdf. Acesso em: 12 ago. 2023.
MENEZES NETO, Elias Jacob de; BEZERRA, Tiago José de Lima. A prática da mistanásia nas prisões femininas brasileiras ante à omissão do direito à saúde e negação da dignidade humana. Revista Brasileira de Políticas Públicas, v. 8, n. 1, 2018.
MENEZES, P. R. 2018. Sintomas do trato urinário inferior em mulheres privadas de liberdade: prevalência e impacto na qualidade de vida. 2018. 94 f. Dissertação em Enfermagem, Universidade Federal do Ceará.
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA (MJSP). Relatório de Informações Penais (RELIPEN). 17º Ciclo Sisdepen – (Julho a Dezembro de 2024). Brasília: Secretaria Nacional de Políticas Penais, 2025.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Departamento de Gestão do Cuidado Integral. Brasília, 2025. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/saps/dgci/departamento-de-gestao-do-cuidado-integral. Acesso em: 12 maio 2025.
MORAES, A. de. Direitos Humanos Fundamentais. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1998.
NETTO, Gabrielle de Souza; DIAS, Míriam Thais Guterres. Saúde, Mulheres e Prisões: contribuições para a qualificação e efetivação da Política Pública no Sistema Prisional. In: Seminário Internacional de Políticas Públicas, Intersetorialidade e Família: atravessamentos do neoliberalismo nas políticas públicas no contexto prisional. 5. Porto Alegre, 2021.
NOWOTNY, Kathryn M. et al. Risk profile and treatment needs of women in jail with co-occurring serious mental illness and substance use disorders. Women & Health, v. 54, issue 8, p. 781-795, 2014.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDADES (ONU). Regras de Mandela: Regras Mínimas das Nações Unidas para o Tratamento de Reclusos. Brasília: Conselho Nacional de Justiça, 2016. Disponível em: https://www.unodc.org/documents/justice-and-prison-reform/Nelson_Mandela_Rules-P-ebook.pdf. Acesso em: 22 abr. 2019.
PAIVA, Luiz Fábio S. “Aqui não tem gangue, tem facção”: as transformações sociais do crime em Fortaleza, Brasil. Caderno CRH, Salvador, v. 32, n. 85, p. 165-184, 2019.
PINHEIRO, Karina Bezerra et al. Censo penitenciário do Estado do Ceará. Fortaleza: Secretaria de Admnistração Prisional; Universidade Federal do Ceará, 2023. Disponível em: https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/77955/1/2023_liv_akbpinheiro.pdf. Acesso em: 12 ago. 2023.
PRANDO, Camila Cardoso de Mello et al (coord.). Gestão da morte nas prisões e a pandemia de Covid-19. Brasília: Ed. dos Autores, 2023. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1QKiLAMKHhnQAga50sgO2BolSJKZQsRIH/view. Acesso em: 24 jun. 2024.
SÁNCHEZ, Alexandra et al. Impacto da epidemia de Covid-19 na mortalidade em prisões. Ciência e Saúde Coletiva, v. 28 n. 12, 2023.
SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS PENAIS (SENAPPEN). Saúde no Sistema Prisional – atualizado até dezembro de 2024. Disponível em: https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiMDY2ODEzOTgtYmJlMy00ZmVkLWIwMTEtMTJjZDQwZWRlYjdhIiwidCI6ImViMDkwNDIwLTQ0NGMtNDNmNy05MWYyLTRiOGRhNmJmZThlMSJ9. Acesso em: 29 maio 2025.
SILVA, Mariana Lins de Carli. "Puxar cadeia junto": significados do protagonismo de mulheres familiares de pessoas presas. São Paulo: Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, 2021.
SUMMIT SAÚDE. Vulnerabilidade social e problemas de saúde pública culminaram na morte de inúmeras pessoas durante a pandemia. Disponível em: https://summitsaude.estadao.com.br/saude-humanizada/o-que-e-mistanasia-e-qual-e-sua-relacao-com-a-crise-de-manaus/.Acesso em: 20 maio 2023.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA (UFSC). Covid nas prisões: Infovírus. Disponível em: https://www.covidnasprisoes.com/infovirus. Acesso em: 12 abr. 2023.
VIEIRA-DA-SILVA, Ligia Maria. Avaliação de políticas e programas de saúde. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2014.
 
						 
							