Níveis de ansiedade e depressão em gestantes e lactantes privadas de liberdade
um estudo na unidade materno-infantil da UCRF/PA
DOI:
https://doi.org/10.29327/2702935.10.1-6Palavras-chave:
Maternidade, Encarceramento, Ansiedade, DepressãoResumo
O estudo investigou níveis de ansiedade e depressão em gestantes e lactantes privadas de liberdade na Unidade Materno-Infantil da UCRF, em Ananindeua-PA. A pesquisa, de caráter quantitativo, contou com 29 participantes, majoritariamente jovens, pardas ou pretas e com baixa escolaridade. Foram utilizados o Inventário de Ansiedade de Beck (BAI) e o Inventário de Depressão de Beck (BDI-II). Na primeira aplicação, 37,9% das mulheres apresentaram ansiedade grave e 51,7% depressão moderada. Após quatro meses, houve redução significativa da ansiedade, mas a depressão mostrou-se mais persistente. As condições de vulnerabilidade social, a ausência de visitas e o isolamento afetivo agravaram o sofrimento psíquico, impactando a vivência da maternidade no cárcere. Apesar do ambiente humanizado da UMI favorecer a adaptação emocional, a experiência materna ainda é marcada pela ambivalência entre o fortalecimento do vínculo com o bebê e o sofrimento pela restrição de liberdade. O estudo ressalta a necessidade urgente de políticas públicas intersetoriais que garantam atenção integral à saúde mental e aos direitos reprodutivos dessas mulheres, assegurando a dignidade da maternidade em situação de encarceramento.
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