"O que é uma vida normal?"

um relato etnográfico em uma instituição de apoio a pessoas que vivem com HIV em Montes Claros, Minas Gerais

Autores

  • Matheus Felipe Oliveira Costa Universidade Federal da Bahia (UFBA)
  • Daliana Cristina de Lima Antonio Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes)

DOI:

https://doi.org/10.29327/217579.8.2-4

Palavras-chave:

HIV, Gênero, Mulheres, Vivências

Resumo

Este artigo apresenta a trajetória de uma etnografia que teve como objetivo conhecer e analisar as narrativas de pessoas que vivem com  HIV e são atendidas pela Organização Não Governamental (ONG) Grupo de Apoio à Prevenção e aos Portadores de HIV/Aids (GRAPPA), no município de Montes Claros, Minas Gerais. As conclusões da pesquisa apontam que a ideia de normalidade em contraposição ao patológico atravessou os discursos dos atendidos no GRAPPA em diversos momentos, como na pergunta de um homem dirigida a médica sobre o que seria uma vida normal, pois ele não se sentia normal.  Foi constatado também  que, por mais que as mulheres atendidas pelo GRAPPA expuseram (sobre)vivências singulares após o diagnóstico, em ambos os casos é possível pensar em uma reconfiguração de si e dos afetos após esse momento biográfico. 

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Biografia do Autor

Matheus Felipe Oliveira Costa, Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Mestrando em Antropologia na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Graduado em Ciências Sociais na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Pesquisador do grupo Ética, Poder e Abjeção (EPA/UFBA)

Daliana Cristina de Lima Antonio, Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes)

Doutora em Sociologia pela Universidade de Brasília (UNB), professora da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes)

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Publicado

2024-01-15