A PAISAGEM CULTURAL COMO LINHA DE CONCEPÇÃO DE UMA ROTA TURÍSTICA: O EXEMPLO DO ALTO BARROSO – NORTE DE PORTUGAL

Autores

  • António de Sousa Pedrosa
  • Andreia Pereira

Palavras-chave:

Alto Barroso, patrimónios endógenos, paisagem cultural, turismo, rotas culturais

Resumo

O Alto Barroso constitui uma unidade paisagística que se individualiza no contexto regional pela conjugação de factores morfo-estruturais, hidro-geológicos e fito-sociológicos, assim como pelas características únicas de aproveitamento agro-pastoril do espaço, resultantes de um profundo legado histórico-cultural.A ocupação histórica deste território é amplamente documentada por vestígios arqueológicos megalíticos, castrejos, romanos e medievais. A presença sucessiva de diversos povos e culturas na região do Alto Barroso traduziu-se num processo multissecular de apropriação do espaço, expresso na sua organização funcional e na implementação de estratégias de exploração do potencial produtivo do meio biogeofísico. Este processo deu origem a uma progressiva transformação e modelação da paisagem, que hoje se apresenta como um património eco-sociológico, culturalmente construído.O perfil morfológico de uma vertente típica no Alto Barroso corresponde, simultaneamente, a um padrão específico de distribuição dos usos do solo, cuja sequência em altitude é determinada pela variação das condições edáficas, das disponibilidades hídricas e pelas características de declive. Os prados naturais e seminaturais, as culturas cerealíferas de sequeiro e a horticultura extensiva dão forma a um mosaico paisagístico sustentando por uma intricada rede de complementaridades e interdependências funcionais. Os “lameiros”, pastagens permanentes semi-naturais, encontram-se no centro do funcionamento deste sistema agro-pastoril, sendo o suporte da actividade pecuária, principal produção local de base primária e garante da fertilidade dos solos agrícolas por via da geração de estrume. A “rega de lima”, sistema de regadio característico dos “lameiros”, de origem provável pré-romana, sublinha a singularidade desta paisagem cultural, cuja reprodução ainda no presente se alicerça em técnicas ancestrais de gestão comunitária.O potencial turístico deste território consubstancia-se assim na narrativa da sua história, da sua construção e evolução, que lhe permitem conciliar no presente um incomparável património edificado, ambiental, cultural e paisagístico, cuja compreensão apenas é possível de forma articulada.Nesse sentido, a rota de exploração turística do Alto Barroso aqui proposta pretende assumir um carácter unificador à escala regional, ligando pequenos percursos temáticos locais, e valorizando a história, a paisagem e a identidade deste território como um património integrado.

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Publicado

2012-11-12

Como Citar

Sousa Pedrosa, A. de, & Pereira, A. (2012). A PAISAGEM CULTURAL COMO LINHA DE CONCEPÇÃO DE UMA ROTA TURÍSTICA: O EXEMPLO DO ALTO BARROSO – NORTE DE PORTUGAL. REVISTA GEONORTE, 3(5), 46–59. Recuperado de https://periodicos.ufam.edu.br/index.php/revista-geonorte/article/view/2057