Fazedor de amanhecer: uma aproximação entre Perejivanie e o reino encantado
DOI:
https://doi.org/10.29280/rappge.v8i1.12325Palavras-chave:
Arte, Conto de fadas, VivênciaResumo
A arte, criação humana, nutre-se na sociedade e dá vazão às emoções, desdobrando-se em inúmeras expressões singulares e com capacidade de transformação do indivíduo em sua unidade afeto-intelecto. A emoção suscitada via experiência estética é um sentimento versado que se delineia em diversas Funções Psicológicas Culturais. A arte, potencialmente, torna-se uma ponte pessoa-meio de forma dialética, impulsionando o desenvolvimento humano. Sendo assim, esse artigo tem como objetivo realizar um estudo teórico, analisando os contos de fadas e perejivanie – vivência, a unidade indivisível pessoa-meio – compreendendo como esse processo pode ser um possibilitador do desenvolvimento a partir da relação que a pessoa estabelece com o meio. Nessa perspectiva, apresenta-se a compreensão sobre contos de fadas, bem como as discussões de diferentes autores que, partindo dos estudos de Vigotski, colaboraram para o entendimento de perejivanie. Observa-se, por fim, que esses estudos possibilitam evidenciar como a estrutura utilizada para a escrita dos contos de fadas leva a um movimento que permite atravessar a condição inicial, dando potência ao processo de desenvolvimento, que resulta em uma nova (re)configuração.
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