A conceituação da deficiência intelectual
um percurso histórico
DOI:
https://doi.org/10.29280/rappge.v8i1.11677Palavras-chave:
Deficiência Intelectual, Inclusão , Desenvolvimento HumanoResumo
Neste artigo, por meio da análise de literatura, buscamos inventariar historicamente as concepções de deficiência intelectual e demonstrar que essas se reverberam em práticas pedagógicas que se alinham a princípios científicos e sociais que regem a sociedade. Trazer o passado à tona mostra-se como essencial para que retrocessos não se materializem e para que a educação inclusiva seja defendida como um processo indispensável em uma democracia e se consolide como um direito inalienável dos sujeitos com deficiência intelectual. A partir da historiografia construída neste texto foi possível perceber que o olhar dispensado para esse público se encontra fortemente influenciado por discursos ideológicos que transitam, ora por aspectos inclusivos, ora por vias de exclusão, que podem potencializar ou aniquilar as expressões de vida. Um marco importante é percebido no final do século XX ao despontar o discurso social da deficiência que, dentre outras coisas, defende que essa não deveria ser narrada pela via da patologização e da subalternização, mas como uma forma singular de expressão corporal que em contato com uma sociedade excludente gera barreiras ao pleno desenvolvimento.
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