Xamanismo Tremembé, abertura de lugares e formação de pessoas indígenas
Resumo
A minha preocupação é refletir sobre a produção de existência indígena a partir da relacionalidade parental, do xamanismo e da abertura de lugares. Parto das compreensões de parentesco como história (GOW, 1997: 39-65) e da reprodução parental como criadora de novos lugares (VIEIRA, 2010:42-91) para argumentar sobre como a existência indígena é produzida. Para tanto, analiso material etnográfico produzido entre os anos de 2013 e 2015 sobre o trabalho de cura tremembé em Queimadas, no município de Acaraú, estado do Ceará. Considero a cura tremembé como uma prática xamânica (MARÉCHAL & HERMANN 2018: 344) transversal à parentela e a criação de lugares. A noção de uma existência entre (JACKSON, 2013: 3-28) é a referência da qual parto para propor uma abordagem existencialista do tema povos indígenas no Nordeste. Tal proposição aqui desenvolvida considera o fluxo relacional da parentela e os não humanos, encantados e o ambiente habitado, como referentes de existência indígena, neste caso, dos Tremembé de Queimadas. Neste sentido, demonstro como na perspectiva local a dimensão humana e não humana conformam uma produção de existência a partir das experiências e práticas xamânicas, à medida que os núcleos domésticos vão formando pessoas indígenas.
Palavras-chave: Xamanismo; Tremembé; parentela.