Metamorfoses territoriais na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro e os impactos na fauna local
DOI:
https://doi.org/10.70336/sust.2024.v1.16905Palabras clave:
conservação ambiental, etnobiologia, unidades de conservação, biodiversidade, conhecimento tradicionalResumen
As comunidades tradicionais possuem uma relação de interdependência com seus territórios, expressa a partir das sabedorias quanto aos usos e formas de manejo das espécies de animais e plantas. Esse conhecimento tradicionalmente é adquirido por meio das experiências vividas e crenças compartilhadas sobre o ambiente e representa um rico acervo sobre as dinâmicas da natureza local. A Comunidade Tumbira, lócus dessa pesquisa, faz parte da RDS (Reserva de Desenvolvimento Sustentável) do Rio Negro e abriga 32 famílias de ribeirinhos e agroextrativistas. Esse estudo objetivou analisar de que maneira as metamorfoses territoriais têm impactado a fauna local. Os dados apresentados a partir da aplicação de formulários, entrevistas abertas e oficinas participativas indicam que a construção da ponte do Rio Negro e a abertura de ramais e estradas têm sido os principais fatores de impacto na RDS e tem facilitado a entrada de agentes externos para atividades de caça e pesca de ilegal. Tais atividades indevidas, somadas ao desflorestamento, tem reduzido a disponibilidade dos animais na região, logo interfere também no estilo de vida das comunidades tradicionais que dependem desses recursos. Das 35 espécies de animais citadas, 26 delas realizam importante contribuição na alimentação regional e na medicina tradicional, a Paca (Cuniculus paca) e a Anta (Tapirus terrestres) são exemplos de mamíferos afetados por tais ações antrópicas. A Comunidade Tumbira tem lutado para frear esses entraves gerados por meio dessas transformações ambientais por intermédio de práticas conservacionistas e do manejo tradicional da biodiversidade, afirmando a importância dos saberes dos povos amazônidas na consolidação da conservação socioambiental.