Ensino de Língua Inglesa e Desenvolvimento Humano

da obrigatoriedade ao direito de aprender

Autores

  • Patrícia Ferreira Miranda Universidade Federal de Rondônia
  • Marli Lúcia Tonatto Zibetti Universidade Federal de Rondônia

DOI:

https://doi.org/10.29280/rappge.v7i01.11396

Palavras-chave:

educação escolar, língua inglesa, desenvolvimento humano

Resumo

A despeito da obrigatoriedade do ensino de Língua Inglesa (LI) na escolarização brasileira, o país figura entre aqueles com os menores níveis de domínio desta língua. Nesse sentido, compreender as dinâmicas que sustentam esse quadro pode propiciar o delineamento de estratégias e proposições didático-metodológicas para o enfrentamento desse cenário, sobretudo considerando que o aprendizado de uma língua estrangeira pode colaborar para o desenvolvimento dos indivíduos. Assim, a partir de revisão teórica e fundamentada na Teoria Histórico-Cultural, em diálogo com autores da Linguística Aplicada, este artigo objetiva discutir a questão do aprendizado de LI na escolarização brasileira e seu papel como elemento estruturante para o desenvolvimento humano. Deste modo, dentre os aspectos que tangenciam a problemática, evidenciam-se o ensino fragmentado e desvinculado da materialidade dos estudantes, as compreensões equivocadas sobre o ensino da LI na escola e as dificuldades de orientação didática dessa aprendizagem com foco em práticas sociais. O texto aponta, também, para contribuições de um trabalho pedagógico orientado pelo letramento científico, que vincula a apropriação do conhecimento ao uso social e intelectual. Assim, diante do debate proposto acerca do uso da LI pelos estudantes, espera-se contribuir para discussões que considerem as diversas frentes de impacto sob o aprendizado de línguas estrangeiras, principalmente no intuito de consolidar proposições de ensino e de aprendizagem que colaborem para o enfrentamento das desigualdades e para com o direito à escolarização plena dos sujeitos.

Biografia do Autor

Patrícia Ferreira Miranda, Universidade Federal de Rondônia

Cursa o Doutorado Profissional em Educação Escolar (PPGEEProf) da Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Mestra em Psicologia (UNIR). Pós-graduada em Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa e Língua Estrangeira. Graduada em Letras - Português, Inglês e Literaturas pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Integra o Grupo Amazônico de Estudos e Pesquisas em Psicologia e Educação (GAEPPE-UNIR). Alumna e certificada pelo International Leaders in Education Program 2013, através do United States Department of State, International Research and Exchange Board e Mary Lou Fulton Teachers College da Arizona State Univesity, com experiência de Visiting & Co-Teaching na Metro Tech High School. Revisora de Língua Inglesa da Revista Multidisciplinar em Educação (Revista Educa). Revisora e tradutora acadêmica freelancer (POR-ING-POR). Tem experiência na educação básica, técnica e profissionalizante, em cursos de pós-graduação, Orientação Profissional, Formação de Professores, Aprendizagem Mediada por TDIC, Ensino de Línguas, Metodologia da Pesquisa Científica, Psicologia Escolar, Inglês Instrumental e Elaboração de Exames de Proficiência. Servidora da UNIR, no cargo de Secretária Executiva no Campus Rolim de Moura. Tem experiência na Educação Superior, atuando como Docente Voluntária Credenciada na graduação, e em disciplinas na pós-graduação. Estuda a partir do referencial da Teoria Histórico-Cultural e, atualmente, encontra-se em afastamento para cursar o Doutorado.

Marli Lúcia Tonatto Zibetti, Universidade Federal de Rondônia

Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (1988); Mestra em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (2000); Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela mesma instituição (2005); Pós-Doutora pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (2014) . É professora associada do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Rondônia, atuando na graduação e no Mestrado em Psicologia. Membro da ABRAPEE e do GT Psicologia e Políticas Educacionais da ANPEPP; pesquisadora e líder do GAEPPE: Grupo Amazônico de estudos e pesquisas em Psicologia e Educação. Tem experiência em pesquisas no campo da Educação e da Psicologia Escolar investigando principalmente os processos de escolarização na educação infantil e no ensino fundamental, políticas públicas e formação de Professores.

Referências

ALMEIDA FILHO, J. C. P. Dimensões comunicativas no ensino de línguas. Campinas: Pontes, 1993.

BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm.

Acesso em: 06 jan. 2021.

EDUCATION FIRST. Índice de proficiência em inglês da EF: um ranking de 100 países e regiões por domínio de Língua Inglesa. Lucerna, Suíça: EF SET, 2020. Disponível em: https://www.ef.com.br/assetscdn/WIBIwq6RdJvcD9bc8RMd/legacy/__/~/media/centralefcom/epi/downloads/full-reports/v10/ef-epi-2020-portuguese.pdf. Acesso em: 06 jan. 2021.

EL KADRI, M. S. Atitudes sobre o estudo do inglês como língua franca em um curso de formação de professores. 2010. Dissertação (Mestrado em Estudos da Linguagem) –

Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2010. Disponível em: https://bdtd.ibict.br/vufind/Record/UEL_71b98eb6ddb88a70ce2fbe5c977c21ab. Acesso em: 15 dez. 2019.

FOLHA. Folha de São Paulo. Inglês no Ensino Médio é obstáculo entre aluno de escola pública e faculdade. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2021/02/ingl

es-no-enem-e-obstaculo-entre-aluno-de-escola-publica-e-a-faculdade.shtml. Acesso em: 02 mar. 2021.

FONSECA, A. L. S. B. A imposição do inglês como política linguística: na contramão. 2018. 109f. Tese (Doutorado em Educação). Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2018. Disponível em: https://ri.ufs.br/jspui/handle/riufs/8655. Acesso em: 10 mar. 2021.

FONSECA DE CASTRO, R. Possibilidades de utilização pedagógica do conceito de consciência de Vygotsky no Brasil: uma revisão sistemática em pesquisas stricto sensu. Revista Amazônida: Revista do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Amazonas [e-ISSN: 2527-0141], [S. l.], v. 6, n. 01, 2022. DOI: 10.29280/rappge.v6i01.9962. Disponível em: //www.periodicos.ufam.edu.br/index.php/ama

zonida/article/view/9962. Acesso em: 10 dez. 2022.

GATTI, B. A.; BARRETTO, E. S. S.; ANDRÉ, M. E. D. A. Políticas docentes no Brasil: um estado da arte. Brasília: UNESCO, 2011. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48

/pf0000212183. Acesso em: 06 jan. 2021.

GENTILI, P. A falsificação do consenso: simulacro e imposição na reforma educacional do neoliberalismo no contexto da globalização. Petrópolis: Vozes, 1998.

INEP. Letramento Científico. 2010. Disponível em: https://download.inep.gov.br/download

/internacional/pisa/2010/letramento_cientifico.pdf. Acesso em 06 jan. 2021.

IVIC, I. Lev Semiónovich Vygotsky. Recife: Editora Massangana, 2010.

KUMARAVADIVELU, B. A. A linguística aplicada na era da globalização. In: MOITA LOPES, L. P. (Org.). Por uma linguística aplicada interdisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006, p. 129-148.

LEFFA, V. J. Teaching English as a multinational language. Journal of the Linguistic Society of Korea, Seul, Korea, v. 10, n. 1, p. 29-53, 2002. Disponível em: https://www.leffa.pr

o.br/textos/papers/multinational.pdf. Acesso em: 10 fev. 2020.

LEFFA, V. J. Língua Estrangeira: ensino e aprendizagem. Pelotas: EDUCAT, 2016.

LEONTIEV, A. N. O desenvolvimento do psiquismo. São Paulo: Centauro, 2004.

MADEIRA, F. Uma análise dos critérios dos professores na preparação de material didático para cursos de Língua Estrangeira de conteúdo. Trabalhos em Linguística Aplicada, n. 44, n. 1, p. 73-77, jun./2005. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_artte

xt&pid=S0103-18132005000100006&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 10 ago. 2020.

MARTINS, L. M. Desenvolvimento do pensamento e educação escolar: etapas de formação de conceitos à luz de Leontiev e Vigotski. Fórum Linguístico, v. 13, n. 4, out./dez. 2016, p. 1572-1586. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/forum/article/view/1984-8412.2016v13n4p1572. Acesso em: 09 mar. 2020.

MARTINS, L. M. O desenvolvimento do psiquismo e a educação escolar: contribuições à luz da Psicologia Histórico-Cultural e da Pedagogia Histórico-Crítica. Campinas: Autores Associados, 2013.

MOITA LOPES, L. P. da. Oficina de Linguística Aplicada: a natureza social e educacional dos processos de ensino/aprendizagem de Línguas. Campinas, SP: Mercado das Letras, 1996.

OLIVEIRA, M. K. Vygotsky: aprendizagem e desenvolvimento, um processo sócio-histórico. Editora: Scipione, São Paulo, 2004.

OLIVEIRA, O. C. Representação da formação de professores de inglês. Entreletras, Araguaína/TO, v. 6, n. 1, p. 86-97, jan./jun. 2015. Disponível em: https://sistemas.uft.edu.br/

periodicos/index.php/entreletras/index. Acesso em: 09 mar. 2020.

PARDO, F. S. Ensino de línguas, letramentos e desenvolvimento crítico na escola pública: observações e auto-observações. 2018. 218f. Tese (Doutorado em Estudos Linguísticos e Literários em inglês) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disp

oniveis/8/8147/tde-28082018-133114/publico/2018_FernandoDaSilvaPardo_VCorr.pdf. Acesso em: 09 mar. 2020.

PASSONI, T. P. O programa Inglês Sem Fronteiras como política linguística: um estudo sobre as ideologias da Língua Inglesa no âmbito da internacionalização do ensino superior Brasileiro. 2018. 278f. Tese (Doutorado em Estudos da Linguagem) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2018. Disponível em: http://www.bibliotecadigital.uel.br/doc

ument/?code=vtls000218338. Acesso em: 20 dez. 2019.

PINHEIRO, L.; SANTOS CORRÊA, E. As habilidades linguísticas e a construção do significado nas aulas de inglês no Centro de Estudos de Línguas da Faculdade de Letras da UFAM. Revista Amazônida: Revista do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Amazonas [e-ISSN: 2527-0141], [S. l.], v. 6, n. 01, 2022. DOI: 10.29280/rappge.v6i01.9959. Disponível em: https://periodicos.ufam.edu.br/index.php/ama

zonida/article/view/9959C:UsersPatriciaDownloadsperiodicos.ufam.edu.brindex.phpamazonidaarticleview9959. Acesso em: 13 dez. 2022.

SANTOS, W. L. P. Educação científica na perspectiva de letramento como prática social: funções, princípios e desafios. Revista Brasileira de Educação, v. 12, n. 36, set./dez. 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbedu/a/C58ZMt5JwnNGr5dMkrDDPTN/?form

at=pdf&lang=pt. Acesso em: 06 jan. 2021.

SAVIANI, D. Pedagogia Histórico-Crítica. Campinas, SP: Autores Associados, 2011.

SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998.

TEDESCO, J. Presentación. In: OLIVEIRA, D. A. et al. Políticas educativas y territórios:

modelos de articulación entre niveles de gobierno. IIPE/Unesco: Buenos Aires, 2010.

Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000189512.

Acesso em: 06 jan. 2021.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987.

Publicado

2023-03-26

Como Citar

FERREIRA MIRANDA, P.; TONATTO ZIBETTI, M. L. Ensino de Língua Inglesa e Desenvolvimento Humano: da obrigatoriedade ao direito de aprender. Revista Amazônida: Revista do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Amazonas, [S. l.], v. 7, n. 01, 2023. DOI: 10.29280/rappge.v7i01.11396. Disponível em: https://periodicos.ufam.edu.br/index.php/amazonida/article/view/11396. Acesso em: 25 abr. 2024.