Práticas costumeiras de conservação bio-cultural em Moçambique

A Floresta Sagrada de Machacame

Autores/as

  • Alberto Augusto Rofasse Madinho Universidade Save

DOI:

https://doi.org/10.69696/somanlu.v24i2.16923

Palabras clave:

Conservação, Bio-cultural, Florestas Sagradas, Khu-Phalha, Mitos

Resumen

O presente artigo centra-se nas práticas costumeiras de conservação da floresta sagrada como categoria do património natural, em interação com khu-Phalha e mitos, como categorias do património cultural intangível. Pretende-se aqui analisar e demonstrar como as práticas culturais intangíveis de ku-phalha e mitos contribuem na conservação da floresta e vice-versa. Metodologicamente, a pesquisa sustenta-se pela pesquisa bibliográfica e trabalho do campo baseado na observação direta e na história oral. Da pesquisa realizada entre 2023 e 2024, em Moçambique, Província de Inhambane, Distrito de Govuro, Localidade de Save, conclui-se que com as práticas de khu-phalha e mitos atribui-se um valor simbólico atado à sacralidade do local que se descreve em floresta onde são presente um conjunto de plantas que se crê ter valor cultural e de caráter mágico religioso sincrético. A sacralidade implica a criação de um conjunto de inibições na exploração de serviços de ecossistema, o que se traduz na proteção e conservação da floresta. Khu-phalha tem na floresta mais um espaço da sua prática, sua transmissão e continuidade pelas novas gerações.  A conservação encontra o seu sentido lato de aplicação na categoria analítica simbólica de Ku-phalha, pois, tem na floresta mais um espaço da sua prática de conservação e proteção com vista a sua transmissão e continuidade para as novas gerações. Há uma interação entre o ku-phalha, mitos e a floresta, que se traduz na conservação dos dois patrimónios. Essa interação leva ao que se designa de práticas de conservação do patrimônio biocultural. Este artigo pretende responder aos questionamentos sobre o papel desses ditames costumeiros e consuetudinários no processo de manutenção de espaços representativos e simbólicos do patrimônio intangível.

 

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Citas

ADAM, A. H. Recognising Sacred Natural Sites and Territories in Kenya. Nairobi: Institute for Culture and Ecology, 2012.

BAYRAK, M. M.; TU, T. N.; MARAFA, L. M. Creating Social Safeguards for REDD+: Lessons Learned from Benefit Sharing Mechanisms in Vietnam. Land, v. 3, n. 3, p. 1037-1058, 2014.

CIDREIRA-NETO, I. R. G.; RODRIGUES, G. G. Relação homem-natureza e os limites para o desenvolvimento sustentável. Revista Movimentos Sociais e Dinâmicas Espaciais, n. 6, p. 142-156, 2017.

DA COSTA, J. D. Monteiro; QUINTANILHA, J. Alberto. A importância que as comunidades tradicionais desempenham quanto a conservação e a preservação dos ambientes florestais e de seus respetivos recursos: Uma revisão Literária. Revista Brasileira de Geografia Física, v. 17, n. 3. P. 2072-2092, 2024.

DAVA, F. et al. A participação das autoridades Comunitária na Governação Local. Maputo: ARPAC, 2003.

DEACON, J. South African rock art. Evolutionary Anthropology: Issues, News, and Reviews, v. 8, n. 2, p. 48–64, 1999.

FOWLER, P. World heritage cultural landscapes, 1992-2002: A review and prospect. World Heritage Papers, V. 7, p. 16-32, 2002.

HONWANA, A. M. Espíritos Vivos, Tradições Modernas: Possessões de Espíritos e Reintegração Social Pós-guerra no Sul de Moçambique. Maputo: Promédia, 2002.

JOFFROY, Thierry. Traditional conservation practices in Africa. Rome: ICCROM, 2005.

JOPELA, Albino Pereira de Jesus. Custódia Tradicional do Património Arqueológica Província de Manica: experiencias e práticas sobre as pinturas rupestres. 2006. 81 f. Dissertação (Licenciatura em História) – Universidade Eduardo Mondlane, Maputo, 2006.

JOPELA, Albino Pereira de Jesus. The Traditional Custodianship System in Southern Africa. In: ABUNGU, G. O. Traditional Management Systems at Heritage Sites in Africa. Mindrad: African World Heritage Fund, 2016

LACERDA, A. V. D. Sustentabilidade: um olhar sobre a relação homem natureza. Revista Brasileira de Gestão Ambiental e Sustentabilidade, n. 4, p. 15-19, 2017.

LE GOFF J. Histoire et Mémoire. Paris: Gallimard, 1977.

LEITE, Lourenço. Do Simbólico ao Racional: Ensaio Sobre a Génese da Mitologia Grega como Introdução à Filosofia. Salvador: EGBA, 2011.

LOWMAN M. D. Finding Sanctuary – Saving the biodiversity of Ethiopia, one church forest at a time. The Explorers Journal Winter, 26-31, 2011.

MALHOTRA, Kailash C.; CHATTERJEE, Sudipto; SRIVASTAVA, Sanjeev. Cultural and Ecological Dimensions of Sacred Groves in India. New Delhi: Indian National Science Academy, 2001.

MATINE, Manuel Henriques. A integração de famílias autóctones no colonato de Limpopo em Moçambique, 1959-1977. 2015. 202 f. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2015.

NDORO, W. Yoor Monument Our Shrine: the Preservation of Great Zimbabwe. Upsala: Department of Archaeology and Ancient History. 2001

SCHNEIDER, Delamar Ewaldo. O Mito: interpretação da existência. Revista de Ciências Sociais, v. IX, n. 1 e 2, p. 93-125, 1978.

SHERIDAN, M. J.; NYAMWERU, C. African Sacred Groves: Ecological Dynamics and Social Change. London: James Currey, 2008.

UNESCO. Patrimônio Mundial Natural: Manual de Referência. Brasília: IPHAN, 2016.

Publicado

2024-12-31

Cómo citar

MADINHO, A. A. R. . Práticas costumeiras de conservação bio-cultural em Moçambique: A Floresta Sagrada de Machacame. Somanlu: Revista de Estudios Amazónicos, Manaus, v. 24, n. 2, p. 62–81, 2024. DOI: 10.69696/somanlu.v24i2.16923. Disponível em: //periodicos.ufam.edu.br/index.php/somanlu/article/view/16923. Acesso em: 22 abr. 2025.