Apresentação do Dossiê “Intelectuais e Artistas Indígenas”

Autores/as

  • Agenor Cavalcanti de Vasconcelos Neto IFAM/UFAM
  • Julio Mendívil Wien Univertität

Resumen

A partir da experiência de uma disciplina dedicada inteiramente à bibliografia produzida por intelectuais indígenas, homens e mulheres, do Alto Rio Negro, surge a proposta de reunir artigos, narrativas e reflexões que se proponham a pensar e trabalhar com essa produção. A indigenização das teorias e metodologias na pesquisa acadêmica é uma reparação histórica, visto que esses conhecimentos sempre foram apropriados pela ciência ocidental e utilizados para diversos fins (biomedicina, inspiração estética, tecnologias de caça e pesca, etc.). 

O fato é que muitas áreas da ciência fazem uso de diversas maneiras dos conhecimentos indígenas e não citam a fonte em seus resultados. Por outro lado, as humanidades pautam a vanguarda teórico-social do momento atual (virada social-ontológica, pluralismo). Entre “perspectivismos”, “epistemologias do sul” e ‘animismos”, uma teoria indígena começa a se consolidar e a se democratizar, do mesmo modo que vai alcançando lugares elitistas, antes inacessíveis, da ciência brasileira e mundial. Toca o coração de todas as classes.

A tríade teórica Bahsesé-Bahsamori-Kihti, desenvolvida pelos intelectuais indígenas do povo Yepamahsa Rivelino Barreto, João Paulo Barreto, Dagoberto Azevedo e Gabriel Sodré Maia, em parceria com seus familiares e orientadores, é a ponta de um iceberg das potencialidades do pensamento indígena do Alto Rio Negro.  Há muito tempo negado, esses conhecimentos desse contexto proporcionaram ao mundo o desenvolvimento da borracha e  de auxiliares para anestesia, para citar dois exemplos emblemáticos. Como se produz o conhecimento indígena sobre a seringa e o curare? Ou melhor, como se produz o conhecimento indígena sobre as plantas? A pergunta que subjaz a todas nesse sentido é: como se produz e distribui o conhecimento na cultura indígena?

Como produzir uma sociologia, antropologia, musicologia, geologia ou agronomia indígena? Como gerar tecnologia, ciência e filosofia dos diversos povos da região? Ora, os estudos atuais dos antropólogos do povo Yepamahsã demonstram como se produz conhecimento e qual a metodologia (kihti-ukuse) para isso.  Esses estudos irão influenciar o futuro do pensamento social na Amazônia. 

A partir dessas reflexões, reunimos trabalhos dos pesquisadores que se dedicam à Amazônia e que tecem o fazer científico com os conhecimentos cosmológicos de seus povos indigenas, negros e ribeirinhos. O que um dia já foi “lenda”, hoje é tese de doutorado premiada no Brasil. Esperamos que esse dossiê engaje no fortalecimento dos laços entre os autores envolvidos, estudantes e leitores interessados no tema, assim como no empoderamento da revista Somanlu, periódico necessário e fundamental para nossa região Amazônica.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Publicado

2024-08-01

Cómo citar

CAVALCANTI DE VASCONCELOS NETO, A.; MENDÍVIL, J. Apresentação do Dossiê “Intelectuais e Artistas Indígenas” . Somanlu: Revista de Estudios Amazónicos, Manaus, v. 23, n. 2, p. 3–5, 2024. Disponível em: //periodicos.ufam.edu.br/index.php/somanlu/article/view/15868. Acesso em: 22 dic. 2024.