Mundos do trabalho e conservação dos recursos naturais no beiradão do Rio Amazonas
DOI:
https://doi.org/10.29327/233099.12.1-5Palavras-chave:
natureza, trabalho, beiradão do rio AmazonasResumo
O estudo versa sobre a relação que homens e mulheres estabelecem com os recursos naturais por meio do trabalho, buscando refletir sobre sua conservação a partir do desenvolvimento das atividades produtivas. A pesquisa foi realizada nas comunidades São Francisco do Tabocal, Jatuarana e União e Progresso, localizadas na margem esquerda do rio Amazonas, no beiradão do rio Amazonas, zona rural do município de Manaus. A investigação adota perspectiva quali-quantitativa, utilizando-se de entrevistas estruturadas e semiestruturadas, bem como de diários de campo e registros fotográficos, que serviram como fontes relevantes da investigação. A abordagem revelou que na realidade do beiradão do rio Amazonas, assim como em outras comunidades amazônicas, não há uma única atividade produtiva que permeie a vida dos moradores, ao longo do ano, em face da dinâmica do pulso de inundação do rio com as estações enchente/cheia e vazante/seca, o que “condiciona” homens e mulheres a atuarem de modo polivalente nas terras, florestas e águas de trabalho. Em razão disso, não falamos em mundo do trabalho, mas em mundos do trabalho. O trabalho, assim, em razão de sua centralidade, é o responsável direto e indireto pela produção e reprodução material e simbólica da vida, o que, nesse contexto, nos lembra de Woortmann (2004: 136): “camponeses são como que gerentes da natureza pelo trabalho, o que [nos] leva a outra dimensão da ética camponesa”. Os investigados relatam que, desde crianças, foram acostumados a trabalhar, até porque as atividades produtivas envolvem toda a unidade de produção familiar (CHAYANOV, 1974) e demandam a relação com a natureza. Como exemplo, podemos fazer referência à agricultura e à pesca. A agricultura, desenvolvida na unidade de produção familiar, permite a produção, o consumo e a venda dos produtos oriundos dela. A pesca não ocorre de maneira predatória, voltando-se primeiramente ao consumo e, depois, à venda. Os moradores não dispõem de técnicas resultantes de pesquisas científicas, mas possuem técnicas tradicionais, repassadas de geração a geração, que têm garantido um conjunto de bens que asseguram a vida, a conservação dos recursos naturais e, por que não dizer, a sustentabilidade, que extrapola a relação com a fauna e a flora, fazendo chegar à dimensão social, econômica, cultural.
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