Nefertiti, um corpo violado, um corpo violentado
a im-permanência, o des-amparo e o não-pertencimento na vivência do abuso sexual infantil
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Abuso sexual na infância##common.commaListSeparator## silêncio##common.commaListSeparator## inocência##common.commaListSeparator## cuidado##common.commaListSeparator## método fenomenológico要旨
A violação da inocência de uma criança pode se dar em milhares de formas perversas, o abuso sexual na infância é uma realidade vivenciada no Brasil por mais de 4000 mil crianças ao longo do último ano de 2022, isso levando em consideração os números de denúncias, visto que existe um número inimaginável de casos que não denunciados, sendo causados em grande parte por familiares e conhecidos em pelo menos 70% dos casos. O objetivo do estudo foi compreender a pluridimensionalidade do abuso sexual na infância e suas consequências no existir sob o viés da Fenomenologia-Existencial. Trata-se de pesquisa de cunho qualitativo, utilizando o método fenomenológico de pesquisa, a partir de um relato de experiência de sobrevivente de abuso sexual na infância e embasado no pensamento heideggeriano, na fenomenologia da percepção de Merleau-Ponty e na perspectiva da clínica dos três olhares de Ewerton Castro. Foram elaboradas as seguintes categorias: O ser-criança é transposto em confusão, assegurado do silêncio; A inocência se esvai em meio ao emaranhado do desamparo despercebido; A perpetuada sucessão de ser-violada; Convivendo com o violentador; O silêncio resguardado pela facticidade; A liberdade incorporada pelo medo, rumo a plenitude. Conclui-se, portanto, que em meio a toda a violência e desamparo a qual a vítima de abuso sexual na infância é submetida, é possível se tornar o ser que cuida e ampara.