"Influenzaphobia": medo e morte no contexto da gripe espanhola em Sergipe
Resumo
O presente artigo objetiva investigar a relação entre a crise sanitária decorrente da epidemia de gripe espanhola em Sergipe e a manifestação individual e/ou coletiva do sentimento de medo na sociedade local. O recorte temporal da análise corresponde ao quadrimestre que se estende dos meses de setembro a dezembro de 1918, intervalo esse que abrange tanto a fase que precedeu a disseminação da influenza no estado, quanto o surto epidêmico sergipano. Periódicos publicados à época na capital Aracaju constituem o aparato de fontes utilizadas na pesquisa em questão, que, por seu turno, embasa-se em discussões teórico-metodológicas referentes ao medo e à morte na historiografia, assim como em abordagens relacionadas à evolução dessa epidemia no Brasil, de maneira geral, e em Sergipe, de modo particular. Suscita-se a hipótese de que, por intermédio da imprensa, a gripe espanhola se tornou capaz de atemorizar a população sergipana, em função do teor dos textos jornalísticos e da presença de uma subjetividade inerente ao discurso dos redatores.