OS BATUQUES E AS REVOLTAS QUE RESSOAM PELA CIDADE
O MARACATU E O BAQUEAR DO DISCURSO DA ORDEM E DA MEMÓRIA GERMÂNICA EM JOINVILLE (SC)
Abstract
Os grupos percussivos de maracatu são responsáveis por preservar e produzir práticas culturais afro-brasileiras que se espraiam por diversas regiões do Brasil. Em Joinville (SC), o impacto do maracatu também pode ser percebido na quebra do discurso da história oficial da cidade e da glorificação da cultura alemã. O maracatu faz-se presente em Joinville por meio de dois grupos percussivos, o Morro do Ouro e o Baque Mulher, cujas organicidade e estrutura são diferentes. A pesquisa buscou compreender de que maneiras se dão as trocas de saber e as relações entre os grupos percussivos e os maracatus nação do Recife. Para isso, utilizamos como fonte primária o documentário do Grupo Morro do Ouro na Noite do Dendê Vivência com a Nação do Maracatu Porto Rico e os sites dos grupos percussivos de maracatu de Joinville. O artigo também visou entender a presença da jurema sagrada no maracatu, pela toada Semente de Jurema, do Maracatu Nação Estrela Brilhante de Igarassu, considerando sua magnitude religiosa. Ademais, um dos momentos mais importantes para os grupos percussivos é a saída ao carnaval de rua, embora a repressão policial se faça presente nesses momentos. Assim, a pesquisa aborda a continuidade histórica do discurso da ordem que construiu e constrói a narrativa de seres disciplinados versus os processos de resistência e as múltiplas narrativas da cidade que partem dos diversos sujeitos históricos e suas culturas, entre eles os grupos de maracatu.