VIOLÊNCIA DE GÊNERO E SUBJETIVIDADES: UM DIÁLOGO ENTRE SABERES HISTÓRICOS E PSICANALÍTICOS
Abstract
A violência de gênero contra as mulheres configura-se enquanto um fenômeno de múltiplas facetas e, nesse sentido, não se reduz ao dano à integridade física, sobrepondo-se aos modos de subjetivação, isto é, aos modos como determinados sujeitos se constituem e são afirmados socialmente (BANDEIRA, 2014). Diante disso, o presente artigo objetiva compreender como se construíram, historicamente, as violências que atualmente tipifica-se como violências de gênero, sobretudo a sua dimensão simbólica que destina as mulheres ao lugar de objetos do discurso e produz sofrimentos psíquicos. Para tanto, ao partir de perspectivas histórica e psicanalítica, recorre à noção de negação da palavra pública proposta por Perrot (1998) e tem como recorte a escuta freudiana oferecida às mulheres ditas “histéricas”, a partir dos quais pôde-se verificar que um real enfrentamento a esta problemática requer um olhar cuidadoso e crítico, fundamental para pensá-la não como um fenômeno individual, tampouco como uma demanda exclusivamente de cunho social.