Chamada para o dossiê “AS REPRESENTAÇÕES DA CAVALARIA MEDIEVAL NA HISTÓRIA DO OCIDENTE (SÉCULOS XI-XXI)”
A MANDUARISAWA - Revista Discente do Curso de História da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) convida os pesquisadores (as) de todo o país a enviarem artigos inéditos para o dossiê “As representações da Cavalaria medieval na história do Ocidente (séculos XI-XXI)” organizado pelos pesquisadores prof. Dr. Sínval Carlos Mello Gonçalves (UFAM), prof. Dr. Átila Augusto Vilar de Almeida (UFAM) e Doutorando Caio Rodrigues Schechner (PPGH/UFF).
A Cavalaria permanece como uma das imagens mais persistentes do imaginário ocidental. Seja em filmes, seriados ou videojogos de grande investimento e circulação, como peça central da ilusão de uma extrema direita saudosista (PACHÁ, 2020), ou ainda enquanto figura portadora de valores universais e de potencial revolucionário (LUCÍA MEGÍAS, 2008, p. 112-5), esse estrato da sociedade medieval, temporalmente tão distante, ao que parece ainda exerce grande fascínio entre nós.
Com efeito, a história das produções humanas voltadas à representação da Cavalaria é vasta e ultrapassa, em muito, as fronteiras da Idade Média tradicional. História essa que tem seu marco inicial em fins do século XI com as chamadas canções de gesta francesas, dentre as quais se destacam a Canção de Rolando e, no contexto ibérico, o Cantar de Mio Cid. Aproximadamente cinquenta anos depois, surgem os romances da chamada “Matéria de Bretanha”, que têm sua expressão máxima em Chrétien de Troyes, criador de textos tão relevantes quanto O Cavaleiro da Charrete (Lancelot) (c. 1174-81) e (c. 1175-81) e O Conto do Graal (Perceval) (c. 1179-91). Nesse âmbito, também se destaca o nome de Robert de Boron, que para além da introdução da célebre personagem Merlin nas narrativas cavaleirescas, desenvolveu uma obra que inspirará, de maneira determinante, os chamados ciclo da Vulgata e da Pós-Vulgata. Tais textos manterão a pujança da literatura cavaleiresca no século XIII, igualmente atestada pelas inúmeras continuações do Graal de Chrétien de Troyes.
Exprimindo a força e o fascínio dos temas e dos personagens criados por esta literatura, até o final do período medieval, diversas adaptações dessas primeiras narrativas, além de novas composições, irão aparecer nas diversas línguas europeias, a exemplo da adaptação alemã do Erec e Enide, de Chrétien de Troyes, composta por Hartmann Von Aue e da composição inglesa Sir Gawain e o Cavaleiro Verde, para citar apenas duas dentre várias.
Entre os séculos XV e XVII vigoram, principalmente na Península Ibérica, os chamados “livros de cavalarias”. Gênero literário e editorial esse que, apesar de seu aparente anacronismo, não deixou de cativar os mais diversos públicos. Tendo como texto-fundador o Amadís de Gaula (1496), foi composto por múltiplos ciclos narrativos de grande extensão, e somou, apenas na Espanha, mais de 60 títulos impressos e, em Portugal, 5. Isso sem contar, é claro, com o expressivo número de textos manuscritos, alguns possivelmente ainda a serem descobertos.
Por fim, e sem esquecer o revival romântico do século XIX, haveria que se considerar, também, os produtos culturais mais recentes, como os seriados Game of Thrones (2015-2020) e Os anéis de Poder (2022), além das franquias de videojogos Souls (2009-presente) e Warcraft (1994-presente), apenas para citar alguns exemplos. Produzidos na esteira do que vem se chamando de medievalismo (BERNS; JOHNSTON, 2014), é razoável assumir que tais megaproduções difundiram a imagem da Cavalaria em um nível jamais visto na história.
Assim, o dossiê “As representações da Cavalaria medieval na história do Ocidente (séculos XI-XXI)” busca reunir artigos que versam sobre as representações da Cavalaria medieval nos mais diversos suportes (literário, imagético, audiovisual, entre outros) e recortes temporais (medieval, moderno ou contemporâneo), incluindo ou não os exemplos mencionados acima, prezando pela variedade tanto temática quanto metodológica.
Os artigos encaminhados para a revista serão analisados pelo processo de avaliação duplo-cega e devem cumprir os pré-requisitos para a publicação. Caso aprovados, os trabalhos serão publicados no volume v. 6, n. 2, que está previsto para ser lançado em junho de 2023.
A Revista também aceitará propostas de artigos livres, resenhas, relatos de experiência e entrevistas para compor o presente dossiê.
Prazo final para submissão de artigos: 03-04-2023
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