ENTRE O ERUDITO E O POPULAR
A COMPANHIA EDITORA NACIONAL, A FORMAÇÃO DA BRASILIDADE E OS LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA DO BRASIL DE JOAQUIM SILVA
Resumo
Objetos indispensáveis às práticas pedagógicas, os livros didáticos podem ser interpretados como aparatos substanciais às intencionalidades que propiciam a legitimação de um determinado modelo de cultura - pautado, no mais das vezes, pelas pretensões de se desenvolver uma sociedade conformada nos moldes da cultura letrada. Com efeito, este foi o modelo que, em certa medida, tentou se consolidar junto aos projetos de modernização do país na Era Vargas - seja pelos esforços do Estado, seja pelas iniciativas privadas, como no caso da Companhia Editora Nacional (CEN). Esta, vista como um importante pivô no desenvolvimento da cultura letrada no país, estabeleceu uma respeitável tradição - não apenas editorial, mas também na promoção de uma pedagogia da nacionalidade. Tal pedagogia, assentada pela necessidade de despertar um sentimento nacionalista nos indivíduos, buscava constituir um modelo específico de cultura nacional - apreendida aqui como produto de uma reciprocidade que marca a relação entre a cultura popular e a cultura erudita. Tendo em mente que esta relação se refletiu, sobretudo, no âmbito educacional, o trabalho que ora se apresenta toma como propósito debruçar sobre as narrativas veiculadas por alguns manuais escolares de História do Brasil - escritos por Joaquim Silva e publicados pela CEN nas décadas de 1930 e 1940.