TERRA PODE TER NOME DE MULHER?
CONSIDERAÇÕES PARA UMA HISTÓRIA DAS MULHERES NA COLONIZAÇÃO DIRIGIDA (ESTADO DO RIO DE JANEIRO – 1944-1960)
Resumo
Este artigo apresenta reflexões sobre a questão das mulheres e a propriedade da terra em uma experiência de colonização dirigida pela União, durante o Governo Vargas (1930-1945), no núcleo colonial de Santa Cruz, estado do Rio de Janeiro. Para analisar as experiências e os projetos camponeses dessas mulheres, optamos por uma abordagem metodológica que valorizasse a ‘história vista de baixo’ bem como a análise das táticas e estratégias construídas por essas personagens em suas lutas cotidianas. Dessa forma, essa discussão será realizada a partir da exposição das histórias de quatro mulheres, com distintas experiências e condições socioeconômicas, todas atravessadas pela questão da terra. Nossas considerações apontam que, no período em apreciação, a segregação dos direitos para a mulher do campo pode ser melhor explicada através da manutenção de uma mentalidade possessória arcaica, bem como por fatores de ordem cultural, criando entraves a consolidação do direito de propriedade para as mulheres, negando a elas a condições de colonas.