Miasmas e micróbios, cortiços e favelas: o movimento higienista no Rio de Janeiro durante a Primeira República
THE HYGIENIST MOVEMENT IN RIO DE JANEIRO DURING THE FIRST REPUBLIC
Resumo
No Rio de Janeiro, as favelas ocupadas historicamente pelas classes pobres possuem uma intrínseca relação com a elite burguesa que vive aos pés dos morros. Modernidade, urbanização, saúde, higienismo, especulação imobiliária, abolição da escravatura e luta de classes: tudo se mistura junto aos moradores e aos casebres frágeis, e se apresenta nas ruas irregulares e íngremes. Os poderes públicos impulsionaram a ampliação das favelas ao passo em que lançavam aos altos dos morros suas leituras estereotipadas que permanecem no imaginário social até os dias de hoje. Com base nisso, este artigo objetiva apresentar, em linhas gerais, uma discussão historiográfica a respeito dos impactos do discurso higienista na configuração urbana e social do Rio de Janeiro durante a Primeira República, evidenciando as alterações nas formas de viver e morar das classes pobres e negras da então capital federal.