O espelho, a família, o voo de Pégasus:
a existencialidade adolescente no Plantão Psicológico
Palavras-chave:
Plantão psicológico, existencialidade adolescente, psicologia fenomenológico-existencial, clínica dos três olharesResumo
Inúmeros fatores cotidianamente têm assaltado a vida de adolescentes, culminando, muitas vezes, em não conseguirem experienciar essa fase do desenvolvimento humano de forma plena, autônoma. Este estudo tem o objetivo de compreender as várias dimensões de olhar desse adolescente sobre si mesmo, sobre o outro e sobre o olhar do outro. É um estudo sob o viés quanti-qualitativo, onde são apresentados os dados mensuráveis e quantificáveis e, no segundo momento, excertos de discursos de adolescentes coletados durante o aconselhamento. Para a análise das falas, utiliza-se uma adequação ao método fenomenológico-psicológico e a discussão é embasada no aporte teórico fenomenológico-existencial. Os encontros semanais foram com 27 adolescentes, na faixa etária de 11 a 17 anos, sendo 11 do gênero feminino, 14 do gênero masculino e 02 autodeclaradas bissexuais. Trouxeram várias situações experienciadas e com as quais não estavam sabendo lidar: assédio sexual (2), relações familiares em disfuncionalidade (2), autoimagem (1), bullying (4), perdas significativas (2), depressão (1), autolesão (2), auto estima (1), dificuldade de socialização (4), tristeza profunda (1), insegurança (1), estresse (1), preconceito de gênero (1), autocobrança (1). Foram elaboradas 3 categorias: 1. O olhar no espelho me mostra alguém que não reconheço; 2. Configurações relacionais: família em suas nuances e detalhes; 3. O voo de Pégasus: em busca da possibilidade de ser-si- mesmo. A compreensão fenomenológica da existencialidade perpassa os discursos dos adolescentes e entende essas experiências de dor e sofrimento, propiciando a reflexão por parte dos adolescentes no que tange a estratégias de enfrentamento dessas situações. Conclui-se que o plantão psicológico possibilita redimensionar o que é expresso e os faz compreender as fragilidades emocionais, pessoais e relacionais na vida dos adolescentes que procuram o serviço.