Adolescência e prática do cutting:
relato de experiência no Plantão Psicológico
Palavras-chave:
Autolesão, adolescente, plantão psicológicoResumo
O adolescer é caracterizado como um período de grandes e profundas transformações. Um aspecto muito presente e que tem sido trazido na literatura diz respeito às questões emocionais exacerbadas e situações com as quais não conseguem lidar. Diante disso, ocorre a prática da autolesão ou cutting que, diga-se de passagem, tem apresentado alta prevalência entre estudantes de ambos os gêneros. O objetivo deste estudo foi compreender a dimensão da prática da autolesão na vida de um estudante do ensino fundamental acompanhado pelo Plantão Psicológico na Escola, em Manaus. O percurso metodológico é o método fenomenológico de pesquisa em Psicologia em seu viés descritivo e exploratório, viés qualitativo. A escuta foi embasada no referencial teórico de Maurice Merleau-Ponty a partir de constructos teóricos como corporeidade, corpo próprio, corpo simbólico, intercorporeidade. O participante é aluno do ensino fundamental, 13 anos, gênero masculino, raça preta, sem religião. A escuta propiciou aprofundar no sentido da ação e como fatores que predispõem a autolesão estão os relacionados à culpa pela morte do pai, o luto por essa perda significativa, medo e frustração de não saber como lidar com determinadas situações e isso tem originado conflitos emocionais que resultam na autolesão. Conclui-se que a escuta ativa possibilita o redimensionamento do ser-si-mesmo e a compreensão da pluridimensionalidade do corpo e da experiência do corpo que é meu, um corpo que sou eu da obra de Ponty.