A ESCRITURA DA HISTÓRIA EM UM HOMEM: KLAUS KLUMP, DE GONÇALO M. TAVARES
Resumo
Este artigo visa a analisar o romance Um homem: Klaus Klump, de Gonçalo M. Tavares, a partir da perspectiva de que este romance pode ser encarado como uma alegoria da escritura da História, tendo em vista a virada conceitual provocada por eventos de extermínio e destruição em massa ocorridos no século XX (SELLIGMANN-SILVA, 2000). Com base em pensadores como Sigmund Freud, Márcio Selligmann-Silva e Giorgio Agamben, pretende-se interpretar a obra de Gonçalo M. Tavares à luz dos conceitos de trauma e testemunho a fim de demonstrar como o conteúdo da narrativa é apropriado pela forma literária, que o reelabora problematizando a impossibilidade de se pensar a História à revelia da catástrofe. Em vista disso, compreende-se que o romance provoca um choque entre o estético e o político ao reservar à arte a “memória do sofrimento acumulado” (ADORNO, 2008, p. 392), rompendo, assim, com o pensamento hegemônico, que tenta apagar os rastros da barbárie empreendida em nome da noção de progresso.Downloads
Referências
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