A ESCRITURA DA HISTÓRIA EM UM HOMEM: KLAUS KLUMP, DE GONÇALO M. TAVARES
Abstract
Este artigo visa a analisar o romance Um homem: Klaus Klump, de Gonçalo M. Tavares, a partir da perspectiva de que este romance pode ser encarado como uma alegoria da escritura da História, tendo em vista a virada conceitual provocada por eventos de extermínio e destruição em massa ocorridos no século XX (SELLIGMANN-SILVA, 2000). Com base em pensadores como Sigmund Freud, Márcio Selligmann-Silva e Giorgio Agamben, pretende-se interpretar a obra de Gonçalo M. Tavares à luz dos conceitos de trauma e testemunho a fim de demonstrar como o conteúdo da narrativa é apropriado pela forma literária, que o reelabora problematizando a impossibilidade de se pensar a História à revelia da catástrofe. Em vista disso, compreende-se que o romance provoca um choque entre o estético e o político ao reservar à arte a “memória do sofrimento acumulado” (ADORNO, 2008, p. 392), rompendo, assim, com o pensamento hegemônico, que tenta apagar os rastros da barbárie empreendida em nome da noção de progresso.Downloads
References
ADORNO, Theodor W. Teoria estética. Lisboa: Edições 70, 2008.
ADORNO, W. Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2006.
AGAMBEN, Giorgio. O que resta de Auschwitz: o arquivo e a testemunha (Homo Sacer III). São Paulo: Boitempo, 2008.
BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Obras escolhidas V. 1. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987.
FREUD, Sigmund. O mal-estar na civilização. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
______________. Totem e tabu. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
HAISKI, Vanderleia de Andrade. “Os limites da representação: narrativas da Shoah”. Revista Nau Literária: crítica e teoria de literaturas. Vol. 10 N. 1, jan/jun. 2014 Disponível em: http://www.seer.ufrgs.br/NauLiteraria/article/viewFile/46892/30153
LEVI, Primo. É isto um homem? São Paulo: Rocco, 1988.
MARCUSE, Herbert. A dimensão estética. Lisboa: Edições 70, 2007.
NÓBREGA, Francisco Pereira. Compreender Hegel. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2005.
SELLIGMANN-SILVA, Márcio. “A era do trauma”. In: Cult – revista brasileira de cultura. Nº 205, ano 18, setembro de 2015.
__________________________. “Literatura e trauma”. Revista Pro-Posições Vol. 13, N. 3 (39) – set/dez. 2002. Disponível: http://www.proposicoes.fe.unicamp.br/proposicoes/textos/39-dossie-silvams.pdf
__________________________. “A história como trauma”. In: NESTROVSKI, A.; SELLIGMANN-SILVA, Márcio (Org.). Catástrofe e representação. São Paulo: Escuta, 2000.
__________________________. “Narrar o trauma – a questão dos testemunhos de catástrofes históricas”. Revista Psic. Clínica, Rio de Janeiro, Vol. 20, N. 1, p. 65 – 82, 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pc/v20n1/05.pdf
TAVARES, Gonçalo M. Um homem: Klaus Klump. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
ZIZEK, Slavoj. Violência: seis reflexões laterais. São Paulo: Boitempo, 2014.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Todos os artigos desta revista obedecem a licença Creative Commons - Attribution 4.0 International (CC BY 4.0).