FIGURAÇÕES DA RESISTÊNCIA FEMININA INDÍGENA EM “O KARAÍBA”, DE DANIEL MUNDURUKU

REPRESENTATIONS OF INDIGENOUS FEMALE RESISTANCE IN "O KARAÍBA", BY DANIEL MUNDURUKU

Autores

DOI:

https://doi.org/10.29281/rd.v13i26.17999

Palavras-chave:

O Karaíba, Mulher, Resistência, Literatura, Povos indígenas

Resumo

Este artigo propõe discutir sobre as formas de resistência feminina indígena protagonizadas pelas personagens Maraí e Potyra em O Karaíba (2010), de Daniel Munduruku em diálogo com A mulher habitada (2000), de Gioconda Belli. O conceito de resistência aqui proposto é lido como valorização das subjetividades e existências invisibilizadas historicamente. Os estudos literários sobre resistência têm sido extensamente discutidos a partir da definição proposta no texto Narrativa e Resistência de Alfredo Bosi (1996), em que consiste em duas dimensões: resistência como tema e resistência como escrita eminente. No entanto, está análise se fundamenta na ampliação dos sentidos que o termo resistência sugere pontuando as diferentes formas de sobrevivência de grupos sociais marginalizados, pois diante das indubitáveis nulidades do ser atravessado pelos efeitos do colonialismo surgem significativas formas de resistência e reafirmação das identidades fraturadas pelas relações de poder. Nesse sentido, o romance O karaíba reverbera a história/memória dos povos indígenas no Brasil no período colonial apagada pelos invasores. A pesquisa é de teor bibliográfico e está ancorada à luz das teorizações de Gayatri Spivak (2010); Halbwachs (1968); Benjamim (1989); Anilbal Quijano (2006); Alfredo Bosi (1996); Daniel Munduruku (2010), entre outros.

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Biografia do Autor

Eveline Gonçalves Dias, Universidade Federal do Pará

É Doutoranda em Estudos Linguísticos e Estudos Literários / PPGL-Letras - Belém com área de concentração em Estudos Literários, Poéticos e Cosmologias Indígenas, Mestrado em Letras pela Universidade Federal do Maranhão (2023), Especialização em Pós-Graduação Lato Sensu: Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS pela Faculdade Futura (2024), Especialização em Atendimento Educacional Especializado - AEE pelo Instituto de Ensino Superior Franciscano - IESF (2021), Especialização em Docência do Ensino Superior pelo Instituto de Ensino Superior Franciscano - IESF (2019) e em Graduação em Letras - Português pela Universidade Estadual do Maranhão (2018). Atualmente é professora substituta da Universidade Federal do Maranhão. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Letras, atuando principalmente nos seguintes temas: mulher indígena, Literatura, Educação inclusiva e Libras. Membro do Grupo de Pesquisa Estudos de Narrativas de Resistência - Narrares (2005).

Carlos Augusto Nascimento Sarmento-Pantoja, Universidade Federal do Pará

Professor Associado II, de Literatura, da Universidade Federal do Pará (UFPA), Faculdade de Letras (FALE) e Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL), no Instituto de Letras e Comunicação (ILC).Atualmente é Bolsista de Pós-Doutorado Sênior - CNPq, na Unicamp (2024-2026), com Bosista de Desenvolvimento Técnológico e Inovação no Exterior Sênior - DES (2025), na Universidade do Porto (UPorto). Realizando Pós-doutorado no Centro de Estudos Comparatista, da Universidade de Lisboa (ULisboa), em Portugal, nos anos de 2019-2021. É Doutor em Teoria e História da Literatura, pela Universidade de Campinas - UNICAMP(2016). Mestre em Letras - Estudos Literários pela Universidade Federal do Pará - UFPA (2006). Líder do grupo de Pesquisa Estéticas, Performances e Hibridismos (ESPERHI) e do grupo Estudos de Narrativas de Resistência (NARRARES). Coordenou o Programa de Pós-Graduação Cidades, Territórios e Identidades (PPGCITI) e foi o vice-coordenador do Programa de Pós-graduação em Letras - PPGL. Coordena o projeto de Extensão: Cine Clube Resistências, financiado pela PROEX e o Laboratório de Narratividades e Visualidades (LabNaVi), financiado pela PROEG. Atualmente está como segundo secretário da Associação Grupo de Estudos Linguísticos e Literários da Região Norte (GELLNORTE), Diretoria 2024-2025. Foi editor da revista Margens e atualmente é editor da revista Narrares. Tem experiência com diversas modalidades de Arte, com ênfase em Dramaturgia, Cinema e Literatura, atuando principalmente nas seguintes áreas: teoria literária, literatura brasileira, literatura portuguesa, teatro, cinema, procedimentos metodológicos em língua e literatura, Recepção crítica, cultura, semiótica literária, articulações da literatura com outras artes e performance. Pesquisador de Teatro e suas implicações na contemporaneidade; Teatro Clássico; Teatro de Resistência; Teatro de Expressão Amazônica; Trauma; Testemunho; Narrativa de Resistência; Performance; Espetacularização; Narratividade e Visualidade na Amazônia.

Rubenil da Silva Oliveira, Universidade Federal do Maranhão/Universidade Estadual do Maranhão

Professor Adjunto I de Língua Portuguesa e Linguística da Universidade Estadual do Maranhão, Campus Pedreiras. Professor Adjunto I de Literaturas de Língua Portuguesa, UFMA, Centro de Ciências de Bacabal; Coordenação de Letras. Professor permanente do Programa de Pós-graduação em Letras de Bacabal (PPGLB). Doutor em Letras - área de concentração: Estudos Literários (UFPA); Mestrado em Letras - área de concentração: Literatura, memória e cultura (UESPI). Especialização em Impactos da Violência na Escola (FIOCRUZ). Especialização em Mídias na Educação (UFMA). Graduação em Ciências Humanas - Sociologia (UFMA). Graduação em Letras - Língua Portuguesa e literaturas de língua portuguesa (UEMA). Coordenador do Grupo de Pesquisa em Literatura, Negritude e Diversidade (GEPELIND). Atua na pesquisa em literatura e homoafetividades, literatura africana, negro-brasileira e indígena; literatura, memória e relações de gênero; literatura de autoria feminina e LGBTQIAP+. Autobiografia e autoficção.

Referências

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Publicado

2025-07-03

Como Citar

GONÇALVES DIAS, E.; NASCIMENTO SARMENTO-PANTOJA, C. A.; DA SILVA OLIVEIRA, R. FIGURAÇÕES DA RESISTÊNCIA FEMININA INDÍGENA EM “O KARAÍBA”, DE DANIEL MUNDURUKU: REPRESENTATIONS OF INDIGENOUS FEMALE RESISTANCE IN "O KARAÍBA", BY DANIEL MUNDURUKU. Revista Decifrar, Manaus, v. 13, n. 26, p. e262508, 2025. DOI: 10.29281/rd.v13i26.17999. Disponível em: //periodicos.ufam.edu.br/index.php/Decifrar/article/view/17999. Acesso em: 13 set. 2025.