A LITERATURA COMO ESPAÇO: ESBOÇO DE UMA GENEALOGIA
LITERATURE AS SPACE: SKETCH OF A GENEALOGY
DOI:
https://doi.org/10.29281/rd.v12i23.12104Palavras-chave:
Romance brasileiro. Escritor. Personagem. Historiografia. Lugar de memória;Resumo
Partindo da observação de um conjunto de romances lançados quase simultaneamente no Brasil no segundo semestre de dois mil que quinze (O ano em que vivi de literatura, O princípio de ver histórias em todo lugar, História da Chuva e Só faltou o título), o presente artigo, dialogando com conceitos de Ettore Finazzi-Agrò e Michel de Certeau, propõe um modo de olhar a presença de personagens escritores/escritoras na literatura nacional. Em vez de adotar uma leitura metaficcional ou autofccional, a hipótese busca pensar a possibilidade de se entender a “literatura” como um espaço imaginário, ou “lugares de memória”, na acepção que Finazzi-Agrò (2013) dá para o conceito de Pierre Nora. Espaços capazes de gerar personagens diversos, conflitos humanos múltiplos e, sobretudo, capazes de elaborar ficcionalmente a realidade brasileira e suas complexidades. Tal olhar permite esboçar uma genealogia da presença da literatura como espaço (e não como tema ou assunto) na literatura brasileira. Para exemplificar o potencial desse modo de olhar e pensar, os romances aqui citados são brevemente discutidos a partir autores como Sérgio Sá (2010), Paolo Virno (2013) e Mark Fisher (2021).
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