A LITERATURA COMO ESPAÇO: ESBOÇO DE UMA GENEALOGIA

LITERATURE AS SPACE: SKETCH OF A GENEALOGY

Autores

  • Reginaldo da Luz Pujol Filho UNB

Palavras-chave:

Romance brasileiro. Escritor. Personagem. Historiografia. Lugar de memória;

Resumo

Partindo da observação de um conjunto de romances lançados quase simultaneamente no Brasil no segundo semestre de dois mil que quinze (O ano em que vivi de literatura, O princípio de ver histórias em todo lugar, História da Chuva e Só faltou o título), o presente artigo, dialogando com conceitos de Ettore Finazzi-Agrò e Michel de Certeau, propõe um modo de olhar a presença de personagens escritores/escritoras na literatura nacional. Em vez de adotar uma leitura metaficcional ou autofccional, a hipótese busca pensar a possibilidade de se entender a “literatura” como um espaço imaginário, ou “lugares de memória”, na acepção que Finazzi-Agrò (2013) dá para o conceito de Pierre Nora. Espaços capazes de gerar personagens diversos, conflitos humanos múltiplos e, sobretudo, capazes de elaborar ficcionalmente a realidade brasileira e suas complexidades. Tal olhar permite esboçar uma genealogia da presença da literatura como espaço (e não como tema ou assunto) na literatura brasileira. Para exemplificar o potencial desse modo de olhar e pensar, os romances aqui citados são brevemente discutidos a partir autores como Sérgio Sá (2010), Paolo Virno (2013) e Mark Fisher (2021).

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Publicado

2024-06-24

Como Citar

da Luz Pujol Filho, R. (2024). A LITERATURA COMO ESPAÇO: ESBOÇO DE UMA GENEALOGIA: LITERATURE AS SPACE: SKETCH OF A GENEALOGY. Revista Decifrar, 12(23), 262–279. Recuperado de //periodicos.ufam.edu.br/index.php/Decifrar/article/view/12104

Edição

Seção

TEMAS LIVRES