A AUTONOMIA DA MULHER EGÍPCIA: CLEÓPATRA VII NO MUNDO HELENÍSTICO E A CONDIÇÃO FEMININA ROMANA.

Resumo

RESUMO

Este artigo analisa a autonomia da mulher egípcia no contexto helenístico, utilizando a figura de Cleópatra VII como exemplo central. Compara-se a realidade cultural e jurídica das mulheres egípcias com a das mulheres romanas no mesmo período, destacando-se as diferenças de direitos, papéis sociais e percepção pública. Cleópatra surge como símbolo da alteridade feminina e da resistência a um modelo patriarcal dominante na Antiguidade. A imagem de Cleópatra VII, rainha do Egito e última soberana da dinastia ptolomaica, foi amplamente moldada e distorcida pelos discursos políticos e culturais romanos. Em especial após sua aliança com Marco Antônio e a subsequente derrota frente a Otaviano (futuro imperador Augusto), a figura de Cleópatra passou a ser representada de maneira pejorativa, associada à lascívia, manipulação e ameaça à ordem romana. Este artigo propõe uma análise da propaganda negativa romana em torno de Cleópatra sob a perspectiva dos estudos de gênero, examinando como o sexismo e a xenofobia foram mobilizados como instrumentos de deslegitimação política.

Palavras-chave: Cleópatra VII. Egito. Mulheres na Antiguidade. Roma. Autonomia feminina. Imagem.

ABSTRACT

This article analyzes the autonomy of Egyptian women in the Hellenistic context, using the figure of Cleopatra VII as a central example. It compares the cultural and legal reality of Egyptian women with that of Roman women in the same period, highlighting the differences in rights, social roles, and public perception. Cleopatra emerges as a symbol of female otherness and resistance to a dominant patriarchal model in Antiquity. The image of Cleopatra VII, Queen of Egypt and last sovereign of the Ptolemaic dynasty, was largely shaped and distorted by Roman political and cultural discourses. Especially after her alliance with Mark Antony and subsequent defeat by Octavian (future Emperor Augustus), the figure of Cleopatra began to be represented in a pejorative manner, associated with lasciviousness, manipulation, and a threat to the Roman order. This article proposes an analysis of negative Roman propaganda surrounding Cleopatra from the perspective of gender studies, examining how sexism and xenophobia were mobilized as instruments of political delegitimization.

Keywords: Cleopatra VII. Egypt. Women in Antiquity. Rome. Female autonomy. Image.