Os olhares na con-vivência com o HIV
Palavras-chave:
HIV, Estigma, Fenomenologia, Facticidade, DiagnósticoResumo
O HIV se determina para além de um vírus que proporciona a imunodeficiência; é uma nosologia que perpassa todos os âmbitos do indivíduo, acometendo-o em uma perspectiva existencial. Junto do diagnóstico, há também a vivência do estado estigmático de ser uma pessoa con-vivendo com o HIV, onde ao atravessar toda sua dinâmica de mundo, acaba por afetar diretamente a percepção-de-si do sujeito. Havendo este contexto, este estudo objetivou a compreensão, sob à luz da Psicologia Fenomenológica-Existencial, do modo como as pessoas con-vivendo com o HIV estabelecem os sentidos e a compreensão de si-mesmos dentro deste diagnóstico. Foi utilizado do método fenomenológico de pesquisa em psicologia de Giorgi, utilizando para a análise os aportes de Martin Heidegger e Maurice Merleau-Ponty. O processo metodológico foi composto por sete entrevistas semi-estruturadas e áudio gravadas, em conjunto com diário de campo e uma atividade determinada como Auto Retrato, dispostas em três categorias de análise. Ao fim, pôde se verificar que os participantes incorporaram o estigma do HIV em sua dinâmica existencial, havendo um efeito direto na percepção que estabelecem de si-mesmos, dos outros e do mundo; assumindo uma postura mais hesitante no relacionar-se. No entanto, não se apresenta de modo unívoco, com os participantes apresentando uma perspectiva de si para além do diagnóstico, desvelando-se e compreendendo-se como projeto; ou seja, capazes de designar seu progresso vivencial e como seres de possibilidades.