TOMÁS DE AQUINO E O REALISMO DIRETO DA SENSAÇÃO
Resumo
A teoria do conhecimento de São Tomás, devedora em certa medida daquela de Aristóteles, julga que o conhecimento começa com a sensação. Como pretendemos mostrar que a formulação de São Tomás do processo sensório é estritamente realista na medida em que estabelece uma relação direta entre os sentidos e os objetos, iniciaremos com uma breve análise de alguns textos fundamentais no De anima, que constituem, em certa medida, o núcleo da teoria sensório perceptiva da tradição aristotélica e foram aceitos por São Tomás em sua exposição especulativa. Em seguida, analisaremos como a teoria do Aquinate julga os objetos sensíveis não sem qualquer qualificação, mas, ao contrário, estabelece uma especificação deles que determina a ação que exercem sobre os sentidos. Dentro da categorização por ele proposta, são os sensibilia própria, mais propriamente os entes, que informam os sentidos. Querendo evitar o âmbito subjetivista no qual as afecções seriam reduzidas às instâncias internalistas tão somente, ele destaca que é o composto que é dado na sensação, ou seja, sentir não é um ato da alma apenas, mas implica concomitantemente o corpo com seu aparelho sensório. O seu esforço em sustentar duas teses que, ao menos em princípio, mostram-se opostas: a materialidade dos sentidos e a imaterialidade da informação recebida são asseveradas por meio das categorias metafísicas de ato e potência. Ainda que Tomás use o termo similitudines para se referir ao conteúdo informativo cognitivo no âmbito sensório, isto, contudo, não invalida a concepção em termos de realismo direto. Contudo, não há de ser simplesmente transposta para o âmbito intelectual a relação direta que é notória no âmbito dos sentidos, com efeito, ficará claro como a ideia de representação não desempenha funcionalidades no interior de sua teoria da sensação; fato, porém, que não invalida que o representacionalismo seja concebido coerentemente no horizonte do conhecimento intelectual.
Palavras-chave: conhecimento, realismo, sensação, sentido, Tomás de Aquino.