ANJINHOS INOCENTES:
A MORTE INFANTIL NO AMAZONAS ENTRE OS SÉCULOS XIX E XX
Resumo
As representações sobre a criança e a infância sofreram mudanças profundas no Ocidente. Passaram da indiferença medieval aos cuidados da modernidade burguesa. Essas mudanças tiveram como pano de fundo a mortalidade. Se no período medieval as crianças morriam em grandes quantidades, sendo logo substituídas por outras, no período moderno e na contemporaneidade, os avanços tecno científicos, a valorização da individualidade, da constituição da família burguesa, aumentaram a expectativa de vida. A morte de uma criança passou de fato corriqueiro à tragédia. No Brasil oitocentista e até meados do século XX, existia um rico universo simbólico sobre a morte infantil. As crianças eram vistas como anjos que rogariam por seus familiares no outro mundo, o que amenizava a perda física. No presente artigo busca-se apreender esse universo de crenças entorno da morte infantil no Amazonas. A partir da análise de diferentes fontes, documentos oficiais, publicações fúnebres em jornais e artefatos mortuários, foram apresentadas as concepções sobre a morte infantil no Amazonas, as permanências e rupturas de crenças e práticas entre os séculos XIX e XX.