IMIGRAÇÃO HAITIANA NO OESTE DO PARANÁ E A DISPONIBILDIADE LABORAL EM FRIGORÍFICOS
Resumen
A imigração entre países periféricos perfaz a nova era das migrações transnacionais que assim se definem por envolver grandes fluxos migratórios e a maioria dos países. Esse estudo analisa a migração haitiana em Cascavel Oeste do Paraná Brasil e sua vinculação com a demanda de trabalhadores em frigoríficos um dos principais setores do agronegócio da região. Cascavel é a cidade com maior número de trabalhadores haitianos no Estado do Paraná. A mobilidade interna entre imigrantes haitianos no Brasil é um desdobramento da disponibilidade laboral a partir de 2010 dada a vinda de grandes fluxos. A periferia intensifica a precarização das condições de vida e não compensação da imigração frente a acentuada exploração do trabalho, elevados índices de desemprego, baixos salários, discriminação racial laboral que se colocam como obstáculos para o envio de remessas. Associado a isso, o preconceito de cor historicamente presente nas relações brasileiras não foi superado pelas transformações econômicas no Brasil. Disso decorrem relações de preconceito fortalecidas entre imigrantes haitianos, que são rechaçados pelo sistema produtivo da região. A inclusão laboral formal se restringe aos frigoríficos com incorporação de 84% desses imigrantes. O conjunto das relações de trabalho nesse setor produtivo produzem a rotatividade de trabalhadores, favorecida também pelo exército de reservas que se intensifica sobretudo em períodos de crise econômica. A submissão do trabalho em frigoríficos não é uma escolha para esses imigrantes, mas se coloca como única alternativa de inserção no sistema produtivo, quando esse também não se fecha.